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Policial foi condenado
por contrabando de café
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Wilson Perpétuo
trabalhava na PF em Ribeirão
Preto apesar de ter uma condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a três anos e dez
meses de prisão por facilitação de
contrabando ou descaminho (exportação clandestina).
A lista de acusações contra ele
vai de contrabando de diamantes
a desvio de recursos públicos.
Na condenação do TRF, prevaleceu a interpretação de que recurso ao Superior Tribunal de
Justiça não suspende a punição.
Por isso, Perpétuo atuava como
delegado e cumpria pena alternativa: dava palestras e doava 50
fraldas geriátricas todo mês durante três anos e nove meses. A
punição acabará em 2005.
O TRF condenou-o por contrabando e descaminho de café à
época em que trabalhava na PF
em Foz do Iguaçu (PR), entre junho de 1988 e maio de 1991.
Do cargo seguinte, o de secretário da Segurança em Alagoas,
também saiu com uma condenação, desta vez do TCU (Tribunal
de Contas da União) por desvio
de verbas públicas. Em 2000, o
TCU condenou-o a devolver duas
parcelas de Cr$ 461.200.000,00
(equivalente hoje a cerca de R$ 65
mil) que o governo federal enviara para a conclusão do IML (Instituto Médico Legal) de Maceió,
mas o recurso não chegou à obra.
Perpétuo foi secretário da Segurança em Alagoas entre agosto de
1991 e junho de 1993, por indicação de Cláudio Vieira, secretário
especial do então presidente Fernando Collor (1990-1992).
Em 1998, quando já trabalhava
em Ribeirão, ele foi afastado do
cargo pelo superintendente da PF
à época, Vicente Chelloti. Ele dizia
que Perpétuo era inocente, mas
afastou-o por pressões do Ministério Público Federal, que fizera
um dossiê sobre policiais condenados. O número era assustador:
do efetivo da PF em São Paulo,
10% já haviam sido condenados e
30% respondiam a processos.
Segundo a assessoria de comunicação da PF em Brasília, Perpétuo voltou à corporação por decisão judicial. A PF em São Paulo
diz que, após a condenação, ele
perdeu o cargo de chefia em Ribeirão, mas não soube informar
por que ele não foi afastado.
Perpétuo e José Bocamino foram apanhados também pelas
gravações da Operação Anaconda. Em telefonemas gravados pela
PF, eles negociam com Jorge Bezerra da Silva, ex-delegado da PF
preso pela Anaconda, uma maneira de profissionalizar o contrabando de diamantes da reserva
dos cintas-largas, em Rondônia.
Os delegados da PF dizem nas
gravações que lapidariam os diamantes em Ribeirão Preto. Depois, negaram a intenção.
Um dos últimos inquéritos que
Perpétuo dirigiu foi justamente
sobre um crime pelo qual foi acusado na sua prisão: o de adulteração de combustíveis. Ele investigava duas usinas de álcool de Ari
Natalino da Silva, acusado de ser
um dos maiores fraudadores de
combustível do país, que teria dado um golpe de R$ 100 milhões
usando o nome de uma pessoa
morta em 1944 como laranja.
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