São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Cidade Tiradentes deve ganhar seu 1º centro cultural

Obra custará R$ 8,25 milhões, bancados por franceses, pela Prefeitura de São Paulo e também pela iniciativa privada

Local vai oferecer cursos profissionalizantes de três anos; pequenas bibliotecas já foram inauguradas no bairro da zona leste


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai construir um centro cultural na Cidade Tiradentes (zona leste), o primeiro do bairro, uma das principais concentrações de pobreza da cidade. A etapa inicial das obras deve começar em dezembro. A conclusão está prevista para ocorrer em 2008.
O centro deve custar R$ 8,25 milhões e será dividido entre a região de Île-de-France -equivalente à área metropolitana de Paris-, prefeitura e possíveis parceiros da iniciativa privada. Em acordo assinado em maio, os franceses fizeram um aporte de 400 mil (R$ 1,136 milhão), montante que entrará em caixa no início de julho.
A administração não tem todos os recursos para concluir o centro. O secretário Carlos Augusto Calil (Cultura) viajou à França domingo para propor à Île-de-France que custeie metade da verba necessária. Prefeitura e a iniciativa privada arcarão com o restante.
Batizado pelo secretário de "CEU da Cultura", em referência aos centros educacionais unificados idealizados na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), o projeto do prédio prevê área de 3.000 m2 com cinema, teatro, biblioteca e um centro de memória, de forma a catalogar informações relativas à história do bairro. A construção será em área desocupada da Cohab, a companhia habitacional do município.
"É um modelo que corresponde ao Centro Cultural São Paulo", disse Calil, ex-diretor do CCSP. A diferença, segundo ele, está em agregar um centro de formação profissional. Serão cursos nas áreas de artes e cultura, como cenografia, iluminação, figurino e web design, com duração de três anos. Calil disse que as disciplinas serão divididas em módulos, para capacitar, ainda que parcialmente, os que abandonarem o curso antes da conclusão.
Os embriões do centro começaram a sair do papel no último sábado. São pontos de leitura, bibliotecas com cerca de 2.000 títulos criadas para disseminar a cultura pelo bairro. Como parâmetro, uma biblioteca padrão tem em média 40 mil títulos. O acervo contém livros e enciclopédias, além de jornais do Norte e do Nordeste, de onde saiu boa parte da população do bairro. Os dois primeiros pontos foram inaugurados no sábado. Um terceiro será implantado até o final do mês -a meta é criar 17.
A pretensão é atingir a população jovem do bairro, formado na década de 80 após a construção de conjuntos habitacionais em terrenos públicos. A Cidade Tiradentes tem, hoje, cerca de 280 mil habitantes. "O início da marginalização ocorre quando se tem 13 ou 14 anos. A escola segura essa criança e depois muitos se perdem, entram no mundo das drogas. É preciso dar oportunidade."


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