São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

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PF apura suposto elo de vereador com lobby de prostíbulo

O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues (PR), é citado em escutas telefônicas

Coronel reformado da PM, apontado como contato da casa para atuar junto a funcionários públicos, será ouvido amanhã

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal vai ouvir amanhã o coronel reformado da PM Wilson de Barros Consani Júnior sobre o suposto envolvimento do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Antonio Carlos Rodrigues (PR), no lobby para manter aberto o prostíbulo W.E., na região central de São Paulo.
Segundo a PF, a casa era usada para lavar dinheiro desviado do BNDES, no esquema descoberto em abril pela Operação Santa Tereza. O coronel é apontado pelos policiais como o homem que atuava junto a funcionários públicos para que a casa de prostituição não fosse fechada por falta de alvará.
Escutas telefônicas da operação da PF reveladas ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostram Fabiano Alonso, genro de Rodrigues, dizendo ao coronel que o presidente da Câmara iria "ajudar". Alonso também afirma que o sogro havia tratado do assunto com o prefeito Gilberto Kassab (DEM). A Folha teve acesso ontem a parte das escutas.
Rodrigues nega a acusação e diz que vai se colocar à disposição da PF para esclarecimentos. Em entrevista coletiva ontem, Kassab afirmou que nunca tratou do assunto e que foi citado de forma "unilateral" nas conversas interceptadas, portanto não tem de dar explicações. Consani disse, por meio de seu advogado, não ter recebido ajuda do presidente da Câmara (leia texto nesta página).

Contatos
Após uma blitz da Secretaria Municipal de Habitação na boate, em março, Consani iniciou seu trabalho para manter a casa aberta. No início de abril, Alonso ligou para Consani e afirmou: "Fica sossegado, irmão, a gente está vendo. Já passei para o Carlinhos, e ele se prontificou a ajudar". O coronel chegou a falar por telefone com o presidente da Câmara, que se dispôs a recebê-lo numa reunião, que de fato ocorreu.
Dias depois, o genro de Rodrigues voltou a ligar para Consani. Disse que Rodrigues teria um encontro com Kassab para tratar do assunto.
Durante esses contatos, o chefe-de-gabinete de Rodrigues, Camilo Cristófaro, ligou para Consani. Reclamou que seu nome estava sendo usado indevidamente por um investigador chamado Tiago, que teria se prontificado a ajudar Consani a manter a casa aberta.
Disse ainda que não conhecia nenhuma "W", possível referência à boate: "Eu não tenho culpa de que minha sala é uma sala política que todo mundo freqüenta. Agora o cara sai daqui da sala e vai ganhar dinheiro nas nossas costas?"
Mesmo antes da blitz da Secretaria de Habitação, a casa de prostituição era alvo de um processo na Subprefeitura da Sé por falta de documentação. A boate funcionava em dois imóveis. Um deles era bar e restaurante, onde ficavam as garotas. O outro, ao lado, um flat usado para programas.
O local foi alvo de fiscalização da prefeitura no segundo semestre do ano passado e os responsáveis não apresentaram os alvarás de funcionamento.
O estabelecimento ganhou prazo para tentar regularizar sua situação. Mas, antes da conclusão do processo de fechamento, a boate foi estourada pela PF, em 24 de abril.
Desde agosto de 2007, época da interdição da boate Bahamas, em Moema, na zona sul de São Paulo, a Polícia Civil, a prefeitura e o Ministério Público vêm realizando uma série de ações contra estabelecimentos suspeitos de abrigar agenciamento de prostituição de luxo.
Foram interditadas as boates Café Moulin Rouge, Café Milleniun, Ilha da Fantasia, Musas e Solid Gold, entre outras.


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