Alerta ocorre em razão do risco elevado de contaminação pela gripe suína nesses dois países

Estados Unidos, Canadá e México também devem ser evitados, diz secretário da saúde de SP; casos da doença subiram para 334

Daniel Castellano/ "Gazeta do Povo"

No aeroporto de Curitiba, funcionária de companhia aérea usa máscara

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, recomendou ontem que os brasileiros adiem as viagens para o Chile e para a Argentina -países onde há risco elevado de contaminação pela gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína.
De acordo com o ministro, a medida "é uma recomendação e não uma proibição" e vale, principalmente, para os que estão no chamado grupo de risco: pessoas com mais de 60 anos, crianças com menos de dois anos, pacientes com câncer e Aids e mulheres grávidas.
A decisão, em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, ocorreu em razão do aumento dos casos da gripe no Brasil: até agora foram registrados 334, sendo que até sexta eram menos da metade.
São Paulo tem a maioria deles (160), seguido do Rio de Janeiro (43) e Minas (42). No Rio Grande do Sul, uma menina de 14 anos e um caminhoneiro de 29 anos estão internados na UTI em estado grave.
Luiz Barradas Barata, secretário de Estado da Saúde, que participou de evento com o ministro, citou ainda Estados Unidos, México e Canadá na lista de locais a serem evitados.
Segundo ele, a maioria dos casos no Estado foram de pacientes que se infectaram em viagem para a Argentina, seguido de EUA, Chile e Canadá. As autoridades deram, porém, mais ênfase sobre a Argentina e o Chile em razão da chegada do inverno na região.
Na Argentina já houve 17 mortes e 1.294 casos. O Chile tem 4.315 casos e quatro mortes. Procurados, os governos do Chile e da Argentina informaram que não se manifestariam.
Tanto Temporão quanto Barradas afirmaram que, caso a viagem seja intransferível, que se evite frequentar locais fechados, com aglomeração de pessoas -pois assim é mais fácil a transmissão da doença.
Segundo o ministro, a alta no número de casos no inverno era esperada. Ele afirmou que a estratégia para a contenção da doença continuará a mesma.
"Continuamos com vigilância intensa nas fronteiras secas, aeroportos e portos para fazermos um monitoramento detalhado das pessoas que estão chegando ao país. A situação é de total tranquilidade", disse.
Temporão também disse que não há transmissão sustentada do vírus A no Brasil. "Todos os casos autóctones [transmitidos dentro do Brasil] têm um vínculo epidemiológico claro [contato com pessoas que estiveram no exterior], o que caracteriza uma situação limitada."
A chegada das férias é apontada pelo ministro como um fator de preocupação. "Muitas pessoas costumam viajar nesse período e estamos pedindo que haja prudência e bom senso."
No início de maio, quando o México despontava como o principal foco da gripe suína, a Argentina suspendeu por 15 dias os voos para aquele país.

Serasa e escolas
A Serasa Experian, empresa de gerenciamento de crédito, informou ontem que foram confirmados cinco casos de gripe suína entre os funcionários. Outras 97 pessoas que tiveram contato com os infectados foram afastadas do trabalho para um período de "observação domiciliar", segundo a empresa. A escola de idiomas Cultura Inglesa, unidade Santo Amaro, suspendeu ontem as aulas após a confirmação de um caso.