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UNIVERSO TONDA GARCIA (1924-2009)
O universo de um galanteador, os trens e as gafieiras
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Universo veio ao mundo
pelas mãos de uma parteira,
na primeira quarta-feira de
março de 1924. Nasceu na Vila Matilde, zona leste de SP.
Na época, conta o filho Júnior, era comum festejar com
amigos a chegada do bebê.
Um amigo da família levantou
a ideia do nome, e os pais, imigrantes espanhóis, "regados a
um bom vinho" durante a celebração, gostaram: o garoto
foi registrado Universo Tonda Garcia.
Júnior lembra que, naqueles anos 20, outras famílias
copiaram a iniciativa, tendo
pipocado uns três ou quatro
Universos pelo bairro.
"Ele gostava do nome. Só ficava irritado por ter sempre
que explicar a origem", diz o
filho, que carrega o mesmo
nome do pai. Também nunca
teve apelidos. "Com um nome
desse, quem precisa?", brinca.
Universo começou a trabalhar como mecânico numa fábrica de máquinas. Depois,
tornou-se funcionário da
CPTM (Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos),
chegando a chefe de seção, segundo o filho -trabalhou no
Brás e na estação da Luz.
Galanteador, gostava de
frequentar gafieiras, mas conheceu a mulher num trem.
Antes, namorara uma amiga dela. Em janeiro deste ano,
após uma cirurgia no joelho, a
mulher morreu vítima de infecção. Universo, muito abalado, foi ficando fraco -"Não
queria se alimentar mais".
Briguento e teimoso, quando botava uma ideia na cabeça, ninguém conseguia demovê-lo. Dizia-se ateu.
Morreu domingo (14), aos
85, de insuficiência respiratória. Deixa três filhos e três netos -o nascimento do quarto
está previsto para o sábado.
obituario@grupofolha.com.br
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