São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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UNIVERSO TONDA GARCIA (1924-2009)

O universo de um galanteador, os trens e as gafieiras

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Universo veio ao mundo pelas mãos de uma parteira, na primeira quarta-feira de março de 1924. Nasceu na Vila Matilde, zona leste de SP.
Na época, conta o filho Júnior, era comum festejar com amigos a chegada do bebê.
Um amigo da família levantou a ideia do nome, e os pais, imigrantes espanhóis, "regados a um bom vinho" durante a celebração, gostaram: o garoto foi registrado Universo Tonda Garcia.
Júnior lembra que, naqueles anos 20, outras famílias copiaram a iniciativa, tendo pipocado uns três ou quatro Universos pelo bairro.
"Ele gostava do nome. Só ficava irritado por ter sempre que explicar a origem", diz o filho, que carrega o mesmo nome do pai. Também nunca teve apelidos. "Com um nome desse, quem precisa?", brinca.
Universo começou a trabalhar como mecânico numa fábrica de máquinas. Depois, tornou-se funcionário da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), chegando a chefe de seção, segundo o filho -trabalhou no Brás e na estação da Luz.
Galanteador, gostava de frequentar gafieiras, mas conheceu a mulher num trem.
Antes, namorara uma amiga dela. Em janeiro deste ano, após uma cirurgia no joelho, a mulher morreu vítima de infecção. Universo, muito abalado, foi ficando fraco -"Não queria se alimentar mais".
Briguento e teimoso, quando botava uma ideia na cabeça, ninguém conseguia demovê-lo. Dizia-se ateu. Morreu domingo (14), aos 85, de insuficiência respiratória. Deixa três filhos e três netos -o nascimento do quarto está previsto para o sábado.

obituario@grupofolha.com.br


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