São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Licitação fracassa e ameaça monotrilho

Nenhuma empresa se interessou em realizar a obra pelo preço considerado adequado pelo governo paulista

Sistema em via elevada é extensão da linha 2-verde do metrô, entre Vila Prudente e Cidade Tiradentes (zona leste)


ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

O Metrô de São Paulo declarou fracassada a tentativa de contratar empreiteiras para construir um monotrilho na zona leste, entre Vila Prudente e Cidade Tiradentes.
O resultado, na prática, não só ameaça os prazos como a própria implantação desse transporte na região.
O projeto é uma adaptação do antigo Fura-Fila, que se arrasta há mais de dez anos e que teve sua última versão anunciada no ano passado, numa parceria entre as administrações José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM).
A nova roupagem previu a substituição da proposta de um corredor de ônibus pelo monotrilho, um tipo de trem com pneus que trafega em vias elevadas. Assim, ele seria um prolongamento da atual linha 2-verde do metrô.
O fracasso na licitação da obra ocorreu pela falta de interessados em realizá-la pelo preço considerado adequado pelo governo do Estado.
As primeiras propostas das construtoras eram pelo menos 43% acima do teto de R$ 2,09 bilhões fixado. O Metrô insistiu na tentativa e deu uma nova data para que elas apresentassem seus preços.
As ofertas foram feitas no último dia 18, mas também acabaram desclassificadas, levando a companhia a anunciar que a concorrência pública está fracassada.
Pela promessa do Estado, um trecho de 2,4 km da obra (até Oratório) seria entregue neste ano, outro de 10,4 km (até São Mateus) em 2011, e os 11 km restantes (até Cidade Tiradentes), em 2012.
O primeiro pequeno pedaço teve obras iniciadas porque independe dessa licitação. Mas, segundo técnicos, não vai ficar pronto no prazo e agora não é mais possível levar a obra ao extremo da zona leste antes de 2013.
O Metrô foi questionado, mas não quis explicar que rumos a proposta terá. Alegou que não pode dar informações até a conclusão do processo -porque as construtoras ainda podem recorrer.
Sobre atrasos, a companhia só diz que "estruturas complexas, como linhas metro-ferroviárias, trabalham com prazos estimados que não podem ser tratados de forma pontual" e que variações de até cinco meses não significam descumprimento.
O especialista em licitações Paulo Boselli diz que resta ao Metrô a opção de "começar tudo do zero", preparando uma concorrência com regras novas -e que demoraria mais de três meses.
Ou então, a alternativa polêmica de contratar alguma empreiteira sem licitação.
Nos últimos dois anos, Estado e prefeitura anunciaram diversos projetos de monotrilho em São Paulo, como uma opção mais barata que metrô e mais eficiente que ônibus.
Alguns técnicos acham que a licitação fracassada põe em xeque a opção por sinalizar que os preços podem ser acima do que se pensava.


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