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Licitação fracassa e ameaça monotrilho
Nenhuma empresa se interessou em realizar a obra pelo preço considerado adequado pelo governo paulista
Sistema em via elevada é extensão da linha
2-verde do metrô, entre Vila Prudente e Cidade Tiradentes (zona leste)
ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
O Metrô de São Paulo declarou fracassada a tentativa
de contratar empreiteiras para construir um monotrilho
na zona leste, entre Vila Prudente e Cidade Tiradentes.
O resultado, na prática,
não só ameaça os prazos como a própria implantação
desse transporte na região.
O projeto é uma adaptação
do antigo Fura-Fila, que se
arrasta há mais de dez anos e
que teve sua última versão
anunciada no ano passado,
numa parceria entre as administrações José Serra (PSDB)
e Gilberto Kassab (DEM).
A nova roupagem previu a
substituição da proposta de
um corredor de ônibus pelo
monotrilho, um tipo de trem
com pneus que trafega em
vias elevadas. Assim, ele seria um prolongamento da
atual linha 2-verde do metrô.
O fracasso na licitação da
obra ocorreu pela falta de interessados em realizá-la pelo
preço considerado adequado
pelo governo do Estado.
As primeiras propostas
das construtoras eram pelo
menos 43% acima do teto de
R$ 2,09 bilhões fixado. O Metrô insistiu na tentativa e deu
uma nova data para que elas
apresentassem seus preços.
As ofertas foram feitas no
último dia 18, mas também
acabaram desclassificadas,
levando a companhia a
anunciar que a concorrência
pública está fracassada.
Pela promessa do Estado,
um trecho de 2,4 km da obra
(até Oratório) seria entregue
neste ano, outro de 10,4 km
(até São Mateus) em 2011, e
os 11 km restantes (até Cidade Tiradentes), em 2012.
O primeiro pequeno pedaço teve obras iniciadas porque independe dessa licitação. Mas, segundo técnicos,
não vai ficar pronto no prazo
e agora não é mais possível
levar a obra ao extremo da
zona leste antes de 2013.
O Metrô foi questionado,
mas não quis explicar que rumos a proposta terá. Alegou
que não pode dar informações até a conclusão do processo -porque as construtoras ainda podem recorrer.
Sobre atrasos, a companhia só diz que "estruturas
complexas, como linhas metro-ferroviárias, trabalham
com prazos estimados que
não podem ser tratados de
forma pontual" e que variações de até cinco meses não
significam descumprimento.
O especialista em licitações Paulo Boselli diz que
resta ao Metrô a opção de
"começar tudo do zero", preparando uma concorrência
com regras novas -e que demoraria mais de três meses.
Ou então, a alternativa polêmica de contratar alguma
empreiteira sem licitação.
Nos últimos dois anos, Estado e prefeitura anunciaram
diversos projetos de monotrilho em São Paulo, como uma
opção mais barata que metrô
e mais eficiente que ônibus.
Alguns técnicos acham
que a licitação fracassada
põe em xeque a opção por sinalizar que os preços podem
ser acima do que se pensava.
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