São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2011

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BARBARA GANCIA

Pelé é terno


Você convidaria o ex-terrorista Cesare Battisti para passar a tarde revendo os quase gols de Zé Love?

GANCIA COM GANSO, Arouca e a rouca do Santos, blindagens Rafael, Edu Master Dracena, Neymarshow, conquistador dos 7 neymares, olha só o emoticon que criei para ele :0)
Sensação deliciosa acordar como tricampeã das Américas, valeu a pena esperar 48 anos. Muricy, Robinho, Diego, Elano, Robert, Giovanni, Zé Roberto, Sérginho Chulapa e -por que não?- Edinho, de pena devidamente cumprida, muito obrigada pela atenção dispensada.
Não vamos nem entrar no túnel do tempo e evocar Pepe, Abel, Gilmar, Coutinho e companhia, senão ficamos aqui ajoelhados em estado de êxtase até amanhã. Esta santista que não se lembra ao certo o que acontecia no mundo quando seu time conquistou os outros dois títulos de Libertadores agradece, comovida, pelo empenho de cada um.
E o Pelé, achou o Baloubet du Rouet no gramado do Pacaembu? Não me contem que o rei não estava fantasiado de Rodrigo Pessoa, porque vi com meus próprios olhos. É como dizem: "Pelé é terno". Vestiu aquele blazer vermelho, desceu pro campo, pegou o Muricy pelo braço e saiu procurando o Baloubet de Refuguê no gramado.
Ou foi a Kate Middleton que ele perdeu metido naquele fato de príncipe William? Diz que o Pelé estava mais garota do Bradesco e mais ou menos representante do Commonwealth em dia de tomar chá com a rainha. Sei não. Para mim, ele pegou o blazer emprestado da equipe olímpica de curling do Canadá.
Mas foi só a TV mostrar o abraço entre Pelé e o José Serra que o Peñarol catapimba no gol. Naquele momento eu pensei: "Deve ser o Roberto Leal abraçando um cartola do Conmebol, o Pelé jamais usaria aquele blazer do Arrelia". Cartola, político, pastor evangélico, síndico de prédio tem tudo mais ou menos a mesma cara, olhando o Serra assim de relance na TV é fácil confundir. Mas o blazer do Pelé teve para mim aquele efeito alucinógeno de desenho japonês.
E o Peñarol marcou. E daí eu pensei que a sorte do Santos tinha virado, quase me deu um piripaque, falei: "Sai, Mick Jagger! A urucubaca foi lançada pelo Serra! Só falta agora o Kassab (que estava ali ao lado), enquadrar meu time na Lei Cidade Limpa por conta do excesso de anunciantes na camisa".
Mas não deu para o Peñarol. Somos nós os tricampeões da América, a inspiração de toda uma geração, como o Santos de Pelé foi da minha. Gritei tanto que quase tive um AVC.
Diz que, para fechar a noite com chave de ouro, a equipe do Peñarol teria ido comemorar o segundo lugar tomando um trago com Cesare Battisti. Mentira minha, mas mereciam pelo jeito que terminou e pelas botinadas no segundo tempo.
Por sinal, queria propor aqui uma enquete: o que você faria se encontrasse o Cesare Battisti na rua? a) usaria a oportunidade para praticar o seu latim; b) convidaria o ex-terrorista para jantar em casa e apresentaria a ele sua mãe e sua irmã virgem ou c) convidaria o simpático italiano para passar a tarde revendo os quase gols do Zé Love.
Pego no pé do Zé Eduardo, não é mesmo? Mas é só brincadeirinha. Sei da importância dele na conquista do título e reconheço que é tão tricampeão quanto Neymar e Ganso. Sei também que quem dá a bola agora são os meninos da segunda vila mais importante do mundo, menos famosa só do que a Vila Sésamo. Viva o Garibaldo! Viva o Santos!

barbara@uol.com.br

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