São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Nem exame de DNA poderá identificar algumas vítimas

De tão queimados, corpos foram reduzidos a cinzas; estima-se que a temperatura durante o incêndio tenha chegado a 1.000C

IML ainda não começou a fazer exames de DNA, mas está coletando sangue de parentes; amostras de 124 familiares já foram retiradas

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas das vítimas do acidente da TAM não poderão ser identificadas nem por exame de DNA. Há corpos que, de tão queimados, ficaram calcinados, ou seja, reduzidos a cinzas, o que impossibilita qualquer tipo de identificação.
Estima-se que a temperatura do incêndio tenha atingido mil graus centígrados. Em fornos crematórios, por exemplo, os corpos são queimados a temperaturas que variam de 400C a 1.200C.
O IML (Instituto Médico Legal) ainda não tem levantamento do número de corpos nessa situação. Já foram identificados 66 corpos de vítimas. "Sabemos que, com o corpo exposto a temperatura de 800, 1.000C, a qualidade da estrutura do DNA não é adequada, ela fica bastante danificada.
Depende de cada caso encontrar ou não uma região que, presumidamente, tenha boa qualidade", disse Carlos Alberto Coelho, diretor técnico do IML Central de São Paulo.
A esperança dos legistas é que, no caso de corpos carbonizados, as chamas tenham poupado pequenas partes de ossos e que delas possa ser extraído material genético para análise.
Ontem, o instituto começou as análises de DNA. As amostras de material dos mortos passarão por um processo mecânico (software) antes de ser comparado em laboratório com o sangue fornecido por parentes. Só o preparo da extração do material biológico pode levar até dois dias e a armazenagem completa dos dados, até uma semana, explica Norma Bonaccorso, chefe do laboratório de DNA do IC (Instituto de Criminalística). Com sangue de pessoa viva, o exame pode ser concluído entre seis e 12 horas.
Segundo Coelho, o exame de DNA só está previsto para quando esgotarem os outros recursos de identificação -como impressão digital, jóias, análise da arcada dentária e eventuais cirurgias que a vítima tenha feito. "Implantes de marca-passo e fixações metálicas de fratura, por exemplo são elementos que suportam altas temperaturas."
Foi montado um banco de dados sobre as vítimas -com informações sobre roupas, jóias, próteses etc - que está sendo comparado pelos peritos com os dados complementares fornecidos pelos parentes.
Embora não esteja fazendo ainda o exame do DNA, o IML trabalha na coleta de sangue de parentes. Até ontem, 124 retiraram amostras.


Colaborou MARIANA BERGEL, colaboração para a Folha

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