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Nem exame de DNA poderá identificar algumas vítimas
De tão queimados, corpos foram reduzidos a cinzas; estima-se que a temperatura durante o incêndio tenha chegado a 1.000C
IML ainda não começou a fazer exames de DNA, mas está coletando sangue de parentes; amostras de 124 familiares já foram retiradas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das vítimas do acidente da TAM não poderão ser
identificadas nem por exame
de DNA. Há corpos que, de tão
queimados, ficaram calcinados,
ou seja, reduzidos a cinzas, o
que impossibilita qualquer tipo
de identificação.
Estima-se que a temperatura
do incêndio tenha atingido mil
graus centígrados. Em fornos
crematórios, por exemplo, os
corpos são queimados a temperaturas que variam de 400C a
1.200C.
O IML (Instituto Médico Legal) ainda não tem levantamento do número de corpos nessa
situação. Já foram identificados 66 corpos de vítimas.
"Sabemos que, com o corpo
exposto a temperatura de 800,
1.000C, a qualidade da estrutura do DNA não é adequada,
ela fica bastante danificada.
Depende de cada caso encontrar ou não uma região que,
presumidamente, tenha boa
qualidade", disse Carlos Alberto Coelho, diretor técnico do
IML Central de São Paulo.
A esperança dos legistas é
que, no caso de corpos carbonizados, as chamas tenham poupado pequenas partes de ossos
e que delas possa ser extraído
material genético para análise.
Ontem, o instituto começou
as análises de DNA. As amostras de material dos mortos
passarão por um processo mecânico (software) antes de ser
comparado em laboratório
com o sangue fornecido por parentes. Só o preparo da extração do material biológico pode
levar até dois dias e a armazenagem completa dos dados, até
uma semana, explica Norma
Bonaccorso, chefe do laboratório de DNA do IC (Instituto de
Criminalística). Com sangue de
pessoa viva, o exame pode ser
concluído entre seis e 12 horas.
Segundo Coelho, o exame de
DNA só está previsto para
quando esgotarem os outros
recursos de identificação -como impressão digital, jóias,
análise da arcada dentária e
eventuais cirurgias que a vítima tenha feito. "Implantes de
marca-passo e fixações metálicas de fratura, por exemplo são
elementos que suportam altas
temperaturas."
Foi montado um banco de
dados sobre as vítimas -com
informações sobre roupas,
jóias, próteses etc - que está
sendo comparado pelos peritos
com os dados complementares
fornecidos pelos parentes.
Embora não esteja fazendo
ainda o exame do DNA, o IML
trabalha na coleta de sangue de
parentes. Até ontem, 124 retiraram amostras.
Colaborou MARIANA BERGEL, colaboração para a Folha
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