São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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Mortes caem após prisão de chefes de milícia

Queda foi de 26,8% nos homicídios registrados na área em que atua a milícia de Campo Grande, na zona oeste do Rio

O deputado Natalino Guimarães e o vereador Jerominho, ambos presos, são apontados pela polícia como chefes do grupo


ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Desde as primeiras prisões dos principais chefes da milícia de Campo Grande, zona oeste do Rio, em dezembro, houve uma queda de 26,8% nos registros de homicídios na 35ª DP, responsável pela área.
O número de casos registrados na delegacia caiu de 97, de janeiro a abril de 2007, para 71 no mesmo período deste ano, segundo o Instituto de Segurança Pública, do Rio. A queda foi maior do que a registrada em todo o Estado (8,7%).
A polícia atribui a queda à desarticulação do grupo armado que atua em Campo Grande, autodenominado "Liga da Justiça". "Boa parte dos casos era de responsabilidade deste grupo", afirmou o delegado substituto da 35ª DP, Eduardo Jorge Alves Soares.
Os dois homens apontados pela polícia como chefes são o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) -preso na segunda- e seu irmão, o vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), o Jerominho -que também está preso. Ambos negam fazer parte de milícias.
Levantamento do batalhão da PM que patrulha Campo Grande indica que 98 assassinatos na região desde 2000 estão relacionados ao grupo.
Desde dezembro, cerca de 30 membros foram presos, diz a polícia. Houve queda também no número de desaparecidos (17,4%). O delegado, no entanto, não atribui isso ao combate à milícia. "Eles geralmente gostam de mostrar o morto para que sirva de lição para os outros (...). A certeza da impunidade é tanta que alguns policiais usam a arma registrada no próprio nome para cometer o crime."
Soares diz que, "em três meses", a milícia em Campo Grande estará "extinta".
Pessoas que tentam agir nas áreas dominadas pela milícia -fazendo "segurança", atuando na venda de gás ou transporte alternativo- são mortas. Aqueles que se recusam a pagar as taxas também são alvo do grupo.

Informantes
Dois homens que conseguiram escapar de atentados atribuídos pela polícia ao grupo de Natalino contribuíram para as investigações que culminaram na prisão do deputado e de mais cinco homens na segunda-feira.
Um deles é o sargento da PM Francisco César Silva de Oliveira, o Chico Bala, que escapou de uma emboscada em São Pedro da Aldeia (região dos Lagos), em que morreram sua mulher grávida e o enteado.
Investigado por envolvimento na máfia das vans, ele deu informações à polícia sobre a "Liga da Justiça".
A 35ª DP identificou ontem o envolvimento do policial civil Leonardo Moreira Dias com o grupo. Sua arma de trabalho foi apreendida na casa do deputado, diz a polícia. A reportagem não conseguiu contato com ele.


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