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Sabesp muda cálculo e tarifa deve subir mais
Para financiar obras da estatal, conta de água incluirá custos de investimentos, conforme proposta de agência reguladora
Com a medida, reajuste previsto para setembro deve ser maior do que o índice de anos anteriores; em 2008, conta subiu 5,1%
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma mudança na forma de
cálculo da tarifa de água e esgoto, proposta que partiu da Arsesp (agência de saneamento
de São Paulo), vai permitir que
a Sabesp aplique, já a partir de
setembro, reajustes anuais
maiores do que os anteriores.
No ano passado, com a metodologia antiga, que basicamente considerava somente os custos da empresa para oferecer os
serviços de água e esgoto, o reajuste da tarifa alcançou 5,1%.
A agência, órgão responsável
por autorizar os percentuais de
aumento, decidiu agora incluir
novos índices na fórmula de
composição da tarifa.
A Sabesp poderá acrescentar
na conta, por exemplo, quanto
ela já investiu na rede de água e
esgoto, em caixas-d'água, estações de tratamento e também o
dinheiro que pretende gastar
na ampliação futura da rede.
Hoje, a empresa cobra na
conta que chega ao usuário praticamente só os gastos que tem
para captar, tratar e distribuir a
água e recolher e tratar o esgoto. Quando quer investir, tem
de buscar empréstimos.
No ano passado, a Sabesp faturou R$ 6,8 bilhões e alcançou
um lucro líquido (após despesas) de R$ 1 bilhão, valor praticamente igual ao de 2007.
Ocorre que esse lucro é insuficiente até mesmo para a empresa garantir seu plano de investimentos, de R$ 1,7 bilhão ao
ano, em média, até 2013.
Outro item da proposta, colocada em consulta pública pela
Arsesp, permite também que a
Sabesp inclua na conta de água
o custo que tem com empréstimos nacionais e internacionais
que vem efetuando.
Conforme o balanço fechado
até 31 de março, a empresa deve
um total de R$ 6,67 bilhões,
sendo um terço em moeda estrangeira. Agora, o usuário pode ajudar a pagar esses juros.
Um aumento da tarifa maior
do que os que vinham ocorrendo será inevitável, avalia José
Dutra Vieira Sobrinho, vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. "Tranquilamente, a mudança será feita
com esse objetivo", diz ele.
A empresa opera os serviços
de água e esgoto em cerca de
360 municípios do Estado, incluindo a capital.
Sem caixa
A Arsesp listou toda a proposta de mudança em uma nota
técnica colocada para consulta
pública, aberta até dia 10, no site: www.arsesp.sp.gov.br.
O documento tenta explicar
por que essas mudanças são
necessárias. Segundo a agência,
é preciso buscar uma tarifa
"justa" para garantir que a Sabesp, que tem ações negociadas
na Bolsa de Nova York, seja
atraente para investidores.
Um economista próximo ao
presidente da Sabesp, Gesner
de Oliveira, disse que ele reclamava de não poder acrescentar
o custo desses investimentos
na tarifa e que isso estava
"amarrando" a empresa.
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