São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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FOCO

Meteorologistas amadores "caçam" temperaturas baixas na capital paulista

Sequência de dias frios em São Paulo animou grupo, que, além de fazer medições caseiras, debate o tema em fóruns na internet

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Os boletins de Narciso Vernizzi (1918-2005), o conhecido "homem do tempo" da rádio Joven Pan, desde criança chamavam a atenção de João Tucci, 32.
Sempre acompanhando o tempo, o economista ficou feliz com as primeiras semanas de frio intenso deste ano. Frio esse que, após uma trégua, voltou, mesmo que mais fraco, neste fim de semana.
"Podemos dizer que vivenciamos um inverno parecido com os dos anos 80. Há um tempo não fazia uma sequência de dias frios assim", diz o "meteorologista" amador.
O gosto pela previsão do tempo fez Tucci perder as contas de quantos termômetros comprou na vida.
Ele tem duas estações meteorológicas profissionais. Uma fica na Vila Madalena (zona oeste), onde mora, e outra, em Campos do Jordão, na fria serra da Mantiqueira.
Em São Paulo, pelas medições que Tucci fez em junho, no Morumbi, antes de mudar de casa, a temperatura média ficou 1,5°C abaixo do que é considerado normal.
Apesar de adorar frio, de acompanhar a chegada de frentes frias e de fazer medições de temperatura, ele optou por não ser um profissional da meteorologia.
"Achava que não era uma carreira muito promissora", afirma Tucci, que trabalha no setor bancário em SP.

INTERNET
A tese do inverno de mais de 20 anos atrás é discutida com fervor no fórum "Abaixo de Zero", que Tucci administra com outros colegas. O espaço virtual tem mais de 280 pessoas cadastradas. Quase todos são amadores.
A comunidade do "Sul do País", onde o espaço surgiu, é sempre muito ativa.
"Concordo com a tese do inverno "à la anos 80'", diz Evandro Alves, 32, outro membro do fórum. "Em 1985 e 1988, o frio foi muito forte aqui em casa [ele mora em Itapevi, na Grande São Paulo]. A roupa chegou a congelar no varal", afirma Alves, que é guarda civil municipal na cidade em que mora.
Todo dia, às 6h30, ele vai para o quintal de sua casa, antes do trabalho, medir as temperaturas em seu termômetro, abrigado por uma estrutura de madeira.
As discussões dos amantes das condições climáticas permitem perceber como as temperaturas na Grande São Paulo oscilam bastante.
No dia 28 de junho, o mais frio do inverno até agora, por exemplo, geou em Itapevi. O termômetro de Alves registrou a marca de 0,01°C.
Em Vargem Grande Paulista, mais frio: 2,4°C negativos. Em Mauá, um cenário diferente: 6,7°C.
Um dos novatos do grupo, Luiz Comenero, que trabalha no mercado financeiro, é outro amador sempre ligado no frio. No início de julho, ele monitorou o termômetro no carro entre Santos e SP. "Sai com 15°C. Peguei 5°C na serra e cheguei com 11°C", conta.


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