|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ministério amplia a exigência
de anotação da cor do paciente
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Saúde vai ampliar a exigência de anotação da
cor do paciente em seus sistemas
de controle. É uma das medidas
práticas que saíram de um seminário sobre a saúde da população
negra concluído na ultima sexta-feira em Brasília.
Hoje o preenchimento do quesito cor da pele só é exigido, por
exemplo, em registros de mortalidade e no sistema que contabiliza
os nascidos vivos. A idéia do ministério é que isso seja feito também nas internações e nos atendimentos ambulatoriais.
Pela primeira vez o Plano Nacional de Saúde, que norteia o
SUS (Sistema Único de Saúde),
contempla a necessidade de atendimento especial à população negra. " A lei orgânica do SUS dispõe que as necessidades dos grupos populacionais deve guiar os
atendimentos. Estamos aplicando
isso", afirma a secretária-adjunta
da Seppir (Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Maria Inês da Silva
Barbosa, 49.
O seminário foi voltado para os
gestores -secretarias estaduais e
municipais da saúde, por exemplo. A idéia é que levem a questão
racial para a ação, como programas de administração local.
O Programa Saúde da Família é
um deles. Estudos compilados pelo ministério mostram, por exemplo, que a mortalidade infantil
vem caindo em um ritmo mais
lento entre os negros. O PSF pode
agir sobre isso, priorizando as famílias negras, afirma Barbosa.
Os levantamentos apontam ainda que negros recebem uma pior
assistência. Mulheres negras, em
geral, fazem menos consultas de
pré-natal do que as brancas.
"Isso me leva a inserir no sistema a variável cor. É só o que me
leva a saber qual é a realidade e se
estou respondendo a ela. A ausência de dados permite minimizar
os fatos", afirma Barbosa. "Se há
dados de maior prevalência de hipertensão no atendimento da
mulher negra isso deve ser considerado. Isso estabelecerá mudanças no atendimento."
Para Barbosa, apesar da questão
da não-integração da população
negra ao SUS ter explicações históricas, políticas e econômicas, a
saúde tem uma "parcela de governabilidade" para promover mudanças. "Mas outras áreas têm de
ser acionadas." Ela defendeu que
a dimensão racial seja abordada
no ensino médico.
(FABIANE LEITE)
Texto Anterior: Outro lado: Fabricante nega que porta-iscas seja prejudicial Próximo Texto: Frase Índice
|