São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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MASSACRE NO CENTRO

No Chile, presidente disse que ataques a moradores de rua não têm explicação; 6 feridos correm risco de morte

Para Lula, mortes têm cheiro de preconceito

Tuca Vieira/Folha Imagem
Homem caminha em área iluminada da praça da Sé, no centro de São Paulo, na região onde ocorreram os ataques a moradores de rua


LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTIAGO (CHILE)

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou ontem, no Chile, os ataques a moradores de rua em São Paulo como "crimes bárbaros" e disse "cheirar a preconceito".
Segundo Lula, que concedeu entrevista apenas no momento que foi indagado sobre esse assunto -e falou só sobre ele-, o Ministério da Justiça já entrou em contato com a Secretaria da Segurança em São Paulo para colocar a Polícia Federal nas investigações.
"Acho [que se trata de um caso de intolerância]. Não dá para julgar o que é porque as pessoas ainda não foram pegas. Mas as coisas cheiram tanto a preconceito que não têm explicação. Vamos agir para que a polícia pegue ao menos o primeiro para desvendar essas mortes", disse ele.
Os ataques em série nas madrugadas de quinta e de anteontem, com as mesmas características (golpes na cabeça de "instrumentos contundentes'), já deixaram um saldo de seis mortos e nove feridos, na maior agressão em série contra a população de rua já registrada na capital paulista.
Seis dos nove que estão internados em três hospitais correm risco de morte. Todos os feridos tiveram traumatismo craniano.
"Quem está praticando isso está tomado de uma insanidade inexplicável. Na sexta-feira, pedi ao Márcio Thomaz Bastos (ministro da Justiça), que ele procurasse o governo do Estado e oferecesse ajuda da Polícia Federal", afirmou. "Se houver interesse [do governo de SP], vou ter prazer de fazer com que a PF coloque as mãos nesses que estão cometendo esses crimes bárbaros."
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que os ataques "depõem contra a civilização". FHC disse ter visto "com horror" os crimes e que não cabia apenas aos governos municipal e estadual tomar providências. "Nós todos precisamos entender o que aconteceu."

Colaborou a Reportagem Local


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