São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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PF descobre depósito de "armas de aluguel"

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal resolveu dar uma resposta aos que acusam o governo de ser omisso no combate ao tráfico internacional de armas. Ontem, uma operação desmantelou um depósito de armas em Guarulhos, na Grande São Paulo, e prendeu seis pessoas.
Os policiais investigam se o depósito foi usado pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). As armas eram alugadas para grupos.
É a segunda operação do gênero em dois dias. Anteontem, a PF anunciou ter desarticulado uma quadrilha de tráfico de armas no Rio Grande do Sul.
As duas operações podem ser uma estratégia para melhorar os números de armas apreendidas. Entre janeiro e julho deste ano, a PF apreendeu só 107 armas -uma média de 15 por mês. No ano passado, foram apreendidas 1.023 armas pelo órgão -85 por mês ou quatro vezes mais do que as apreensões deste ano.
Ontem em Guarulhos, os policiais encontraram 13 armas, entre os quais fuzis AR-15 e Browning, uma caixa com bananas de dinamite, 16 baguetes de gel explosivo e aproximadamente 3.000 munições. Há indícios de que as armas vieram do Paraguai. As munições estavam embrulhadas em jornais paraguaios. A PF encontrou também cocaína, crack e mil comprimidos de ecstasy.

Modo de agir
Os 16 quilos de cocaína apreendidos no Sul e os dois quilos de drogas encontrados em São Paulo contêm pistas importantes sobre o modo de agir dos traficantes de armas, segundo o delegado da PF Ildo Gasparetto, que atua no combate ao crime organizado no Rio Grande do Sul.
"Não existe o traficante de arma puro", diz Gasparetto. "Se a cocaína tiver um preço melhor de mercado, o traficante vende cocaína".
O fato de a PF não ter apreendido nenhuma arma no Sul mostra que as quadrilhas mudam constantemente a sua forma de atuação, afirma Gasparetto. No ano passado, a PF encontrou um depósito desse grupo em Santa Cruz do Sul (RS) com 150 armas.
Quando a PF descobriu que o grupo usava a fronteira do Uruguai com a cidade de Livramento e intensificou a vigilância, ele migrou para a Uruguaiana, na divisa com a Argentina, exemplifica o delegado da PF.
Apreensões na fronteira, aliás, são raríssimas, segundo o delegado. Neste ano, foram apreendidas "uma ou duas armas" nessas áreas. Para Gasparetto, não há omissão da PF: "O problema é que os traficantes inventam novas formas de ação a todo momento".


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