|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF descobre depósito de "armas de aluguel"
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal resolveu
dar uma resposta aos que acusam o governo de ser omisso no
combate ao tráfico internacional de armas. Ontem, uma operação desmantelou um depósito de armas em Guarulhos, na
Grande São Paulo, e prendeu
seis pessoas.
Os policiais investigam se o
depósito foi usado pela facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). As armas
eram alugadas para grupos.
É a segunda operação do gênero em dois dias. Anteontem,
a PF anunciou ter desarticulado uma quadrilha de tráfico de
armas no Rio Grande do Sul.
As duas operações podem ser
uma estratégia para melhorar
os números de armas apreendidas. Entre janeiro e julho deste
ano, a PF apreendeu só 107 armas -uma média de 15 por
mês. No ano passado, foram
apreendidas 1.023 armas pelo
órgão -85 por mês ou quatro
vezes mais do que as apreensões deste ano.
Ontem em Guarulhos, os policiais encontraram 13 armas,
entre os quais fuzis AR-15 e
Browning, uma caixa com bananas de dinamite, 16 baguetes
de gel explosivo e aproximadamente 3.000 munições. Há indícios de que as armas vieram
do Paraguai. As munições estavam embrulhadas em jornais
paraguaios. A PF encontrou
também cocaína, crack e mil
comprimidos de ecstasy.
Modo de agir
Os 16 quilos de cocaína
apreendidos no Sul e os dois
quilos de drogas encontrados
em São Paulo contêm pistas
importantes sobre o modo de
agir dos traficantes de armas,
segundo o delegado da PF Ildo
Gasparetto, que atua no combate ao crime organizado no
Rio Grande do Sul.
"Não existe o traficante de
arma puro", diz Gasparetto. "Se
a cocaína tiver um preço melhor de mercado, o traficante
vende cocaína".
O fato de a PF não ter apreendido nenhuma arma no Sul
mostra que as quadrilhas mudam constantemente a sua forma de atuação, afirma Gasparetto. No ano passado, a PF encontrou um depósito desse grupo em Santa Cruz do Sul (RS)
com 150 armas.
Quando a PF descobriu que o
grupo usava a fronteira do Uruguai com a cidade de Livramento e intensificou a vigilância, ele
migrou para a Uruguaiana, na
divisa com a Argentina, exemplifica o delegado da PF.
Apreensões na fronteira,
aliás, são raríssimas, segundo o
delegado. Neste ano, foram
apreendidas "uma ou duas armas" nessas áreas. Para Gasparetto, não há omissão da PF: "O
problema é que os traficantes
inventam novas formas de ação
a todo momento".
Texto Anterior: Policial da Força Nacional é acusado de ajudar facção Próximo Texto: Mortes Índice
|