São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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Torre de 7 toneladas desaba e mata um

Funcionário trabalhava na manutenção da antena, de 174 metros, instalada no quilômetro 43 da rodovia Imigrantes

Trabalhadores substituíam peças enferrujadas de equipamento, que havia sido vistoriado seis meses atrás; vítima deixa 2 filhos


VINÍCIUS SEGALLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma torre de radiotransmissão de sete toneladas e 174 metros (o equivalente a um prédio de 58 andares) desabou ontem de manhã em São Bernardo, matando uma pessoa e ferindo outras seis -uma está em estado grave. O montador Francisco Airton Silva de Sousa, 45, deixa dois filhos.
A torre, instalada no quilômetro 43 da rodovia Imigrantes, pertencia à rádio Vip São Paulo, que retransmite a programação da rádio Bandeirantes à Baixada Santista e ao ABC.
O acidente ocorreu por volta das 8h30, durante um serviço de reforço da estrutura. Sousa trabalhava para a Diontel, empresa contratada para realizar a manutenção. No momento da queda, de acordo com funcionários que estavam no local, Sousa tentava tirar um parafuso a um metro da base da torre.
"Estava puxando o parafuso do lado de fora. Ele estava por dentro. De repente, a torre começou a desabar. Infelizmente, ele não conseguiu fugir", disse Paulo Wilson da Silva, que sofreu ferimentos leves.
A torre caiu em um terreno ao lado da rodovia, atingindo um depósito onde eram guardados equipamentos.
Dionésio Augusto de Sousa, proprietário da Diontel, empresa de montagem e manutenção de estruturas metálicas, também trabalhava no local no momento do acidente e sofreu ferimentos leves. Em depoimento à polícia, Dionésio disse que, durante os 15 anos que atua no ramo, nunca havia passado por acidente semelhante.
A Diontel não possui quadro permanente de funcionários. Os montadores que faziam a obra eram contratados por regime de empreitada. "O Dionésio trabalhava para nós há 14 anos, era de confiança", afirmou José Elias Sobral, sócio-administrador da Rádio Vip.

Inquérito e apuração
O delegado Gilberto Peranovich disse que só poderá saber se houve responsabilidade por parte de algum funcionário ou das empresas envolvidas depois dos laudos periciais e depoimentos das testemunhas.
Ele disse, porém, que o caso pode evoluir para homicídio culposo (sem intenção). "O fato é a que a torre estava lá, e quando foram mexer, caiu."
Na opinião do coordenador da divisão de estruturas do Instituto de Engenharia, Natan Levental, há duas hipóteses para a causa do acidente, que podem figurar conjuntamente.
"Ou os outros parafusos que seguravam a viga que estava sendo manuseada estavam enferrujados e não agüentaram a carga extra, ou houve algum erro no procedimento. O ideal seria sustentar a estrutura com macacos hidráulicos enquanto se realizava a troca do parafuso", disse Levental.
Na polícia, José Elias Sobral informou que houve uma inspeção de rotina há seis meses na torre, quando foi constatada a necessidade de substituição de algumas peças enferrujadas. Essa seria uma das razões para a manutenção que vinha sendo feita ontem.
Os feridos passaram pelo hospital e foram liberados, à exceção de Maílton Batista, que até ontem se encontrava no Hospital de Cubatão, onde passaria por uma cirurgia.


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