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Denise foi treinada para depor em CPIs
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os depoimentos nas
duas CPIs da crise aérea
do Congresso mudaram a
rotina da diretora da Anac
(Agência Nacional de
Aviação Civil) Denise
Abreu. Para enfrentar as
questões dos deputados e
senadores sem perder a
paciência, Denise foi treinada por assessores de imprensa, o que é conhecido
no meio como "media
training".
Para que Denise se habituasse com o ambiente de
uma CPI, assessores da
agência reguladora se passaram pelo presidente, relator e parlamentares das
CPIs e bombardearam Denise com perguntas de diferentes assuntos.
O treinamento foi realizado na sede da agência,
na sala da diretora, no início desta semana.
A fala tranqüila que
apresentou durante o depoimento fazia parte da
estratégia, mas levou deputados a questionarem se
ela havia tomado algum
calmante para a sessão.
"Vou esperar para ver se
o efeito do remédio vai
passar para fazer minhas
perguntas", disse o deputado Vic Pires (DEM-GO).
Os assessores juraram que
a diretora da Anac não havia sido medicada.
A Folha apurou, com
pessoas que participaram
do treinamento para a
CPI, que o objetivo era esgotar ao máximo todas as
perguntas que poderiam
ser feitas pela oposição,
inclusive as de ordem pessoal, com o intuito de tirá-la do sério.
Qualquer deslize poderia levá-la direto à prisão,
já que a CPI tem poder para isso, quando há casos
de desacato.
O treinamento serviu
ainda para que ela tivesse
as respostas na ponta da
língua, e, principalmente,
não caísse em pegadinhas.
"A senhora mente?",
perguntou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS),
sem rodeios. "Não", respondeu Denise, monossilábica. Era mais uma lição
do "media training": não
se alongar nas respostas a
perguntas mais difíceis.
Outra dica que a diretora seguiu foi sempre anotar algo no papel quando
os deputados lhe fizessem
perguntas, mesmo que
fosse um rabisco, para demonstrar que estava prestando atenção aos questionamentos feitos.
Hiperativa, Denise tem
dificuldades para se concentrar, o que poderia irritar os deputados.
A Folha apurou também que a Anac também
vem se armando contra os
deputados e senadores das
CPIs, buscando documentos que possam comprometer os parlamentares,
com foco nos doadores
das campanhas políticas.
(ANDREZA MATAIS)
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