São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Denise foi treinada para depor em CPIs

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os depoimentos nas duas CPIs da crise aérea do Congresso mudaram a rotina da diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu. Para enfrentar as questões dos deputados e senadores sem perder a paciência, Denise foi treinada por assessores de imprensa, o que é conhecido no meio como "media training".
Para que Denise se habituasse com o ambiente de uma CPI, assessores da agência reguladora se passaram pelo presidente, relator e parlamentares das CPIs e bombardearam Denise com perguntas de diferentes assuntos.
O treinamento foi realizado na sede da agência, na sala da diretora, no início desta semana.
A fala tranqüila que apresentou durante o depoimento fazia parte da estratégia, mas levou deputados a questionarem se ela havia tomado algum calmante para a sessão.
"Vou esperar para ver se o efeito do remédio vai passar para fazer minhas perguntas", disse o deputado Vic Pires (DEM-GO). Os assessores juraram que a diretora da Anac não havia sido medicada.
A Folha apurou, com pessoas que participaram do treinamento para a CPI, que o objetivo era esgotar ao máximo todas as perguntas que poderiam ser feitas pela oposição, inclusive as de ordem pessoal, com o intuito de tirá-la do sério.
Qualquer deslize poderia levá-la direto à prisão, já que a CPI tem poder para isso, quando há casos de desacato.
O treinamento serviu ainda para que ela tivesse as respostas na ponta da língua, e, principalmente, não caísse em pegadinhas.
"A senhora mente?", perguntou a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), sem rodeios. "Não", respondeu Denise, monossilábica. Era mais uma lição do "media training": não se alongar nas respostas a perguntas mais difíceis.
Outra dica que a diretora seguiu foi sempre anotar algo no papel quando os deputados lhe fizessem perguntas, mesmo que fosse um rabisco, para demonstrar que estava prestando atenção aos questionamentos feitos.
Hiperativa, Denise tem dificuldades para se concentrar, o que poderia irritar os deputados.
A Folha apurou também que a Anac também vem se armando contra os deputados e senadores das CPIs, buscando documentos que possam comprometer os parlamentares, com foco nos doadores das campanhas políticas. (ANDREZA MATAIS)


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