São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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SP paga aluguel há 2 anos por causa de obra que nem iniciou

R$ 236 mil são pagos por mês desde maio de 2008, num total de R$ 11 milhões; contrato foi feito sem licitação

Prédio foi alugado na área nobre dos Jardins até reforma de edifício no Itaim Bibi, que pode custar R$ 22,3 milhões

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O governo de SP paga desde maio de 2008 um aluguel mensal de R$ 236,7 mil por um prédio na área nobre dos Jardins para abrigar provisoriamente a Secretaria de Economia e Planejamento durante a reforma da sua sede, que, porém, nem começou.
O aluguel do prédio -de 3.458 m2 e 14 andares, na alameda Jaú, próximo à avenida Paulista- é alvo de inquérito do Ministério Público de SP.
O contrato foi firmado por 48 meses, apesar de o prazo previsto para a reforma ser de 18 meses. No total, a locação custará R$ 11,364 milhões.
O imóvel, escolhido sem licitação, é do empresário Jorge Miguel Yunes, que ficou célebre ao emprestar R$ 800 mil ao ex-prefeito Celso Pitta entre 1997 e 1999 -ambos foram absolvidos da acusação de corrupção feita à época.
A escolha da sede provisória recaiu sobre a região com um dos metros quadrados mais caros da capital -R$ 150, segundo a empresa de consultoria CB Richard Ellis.
De acordo com a secretaria, o prédio foi "escolhido pela proximidade com o Palácio dos Bandeirantes e porque a região oferece preços substancialmente mais baixos que o Itaim Bibi [onde fica o edifício-sede da pasta]".
O imóvel fica a 9 km do Palácio dos Bandeirantes, onde fica o gabinete do secretário, Francisco Vidal Luna. Outras secretarias -como a da Educação (praça da República) e a da Justiça (Pátio do Colégio)- ficam no centro, onde o metro quadrado custa em média R$ 27 e a distância para o palácio é de 13 km.

REFORMA
A secretaria espera gastar até R$ 22,3 milhões na revitalização da sede no Itaim Bibi. O imóvel, de 15 andares, fica na rua Iguatemi, quase no cruzamento da avenida Faria Lima com a rua Tabapuã, outra área nobre da cidade.
O valor é mais que o dobro do que a Secretaria da Habitação reservou no Orçamento 2010 para investir na urbanização do Jardim Pantanal (zona leste), uma das mais afetadas pelas chuvas do último verão (R$ 7,8 milhões), e da favela de Paraisópolis, zona sul (R$ 10,3 milhões).
No prédio, trabalhavam cerca de 400 pessoas, que tiveram, segundo a secretaria, de ser remanejadas de forma gradual, o que levou ao hiato de mais de dois anos entre a assinatura do contrato de aluguel e a desocupação total do edifício, que só terminou em maio deste ano.


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