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RIO
"Temos o Aldney Maluco", diz Marina Maggessi, que comandou a prisão de Elias Maluco, sobre ataques à ida de traficantes para batalhões
Inspetora faz críticas a corregedor-geral
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Principal organizadora da operação que resultou na prisão do
traficante Elias Pereira da Silva, o
Elias Maluco, a chefe de investigações da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), inspetora Marina Maggessi, criticou
ontem o corregedor-geral de Polícia Unificada, Aldney Peixoto.
"Com a prisão do Elias Maluco,
agora temos o Aldney Maluco",
afirmou a inspetora, referindo-se
ao fato de o corregedor ter considerado perigoso manter criminosos como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e
Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho
da Vila Vintém, em batalhões da
PM (Polícia Militar).
Para Marina, o "Batalhão de
Choque [onde Maluco e Beira-Mar estão presos" é o lugar mais
seguro que existe e seus policiais
são bem preparados". "Além disso, é uma solução provisória.
Quando acabar a reforma de Bangu 1, os caras voltam para lá."
Informado das declarações pela
Folha, o corregedor evitou polemizar. Ele disse que não comentaria as declarações de Marina.
A irritação da inspetora com o
corregedor vem de quando Elias
Maluco era procurado pela polícia. Ela diz que Maluco passou os
últimos três meses no complexo
do Alemão (zona norte do Rio) e
que são "infundadas" as investigações de Peixoto sobre uma suposta propina de R$ 600 mil paga
pelo traficante a policiais do 7º
Batalhão (São Gonçalo).
Maluco foi preso na semana
passada. Ele é acusado de chefiar
o bando que matou, em 2 de junho, o jornalista Tim Lopes, da
TV Globo.
Sem vocação
Policial há 13 anos, Marina, 40,
conta que entrou na polícia pelo
dinheiro e não por vocação. "Trabalhava na Embratel, que reduziu
meu salário. Vi que a polícia pagava mais, resolvi fazer o concurso e
passei", disse.
Separada e sem filhos, ela passou por duas delegacias de bairro
até trabalhar no setor de operações da DRE, quando foi convidada pelo delegado Álvaro Lins
(chefe da Polícia Civil no governo
Anthony Garotinho) para chefiar
o setor de investigações.
Moradora da zona norte, a policial disse que anda com duas pistolas, mas não tem medo da violência. Faz análise há 18 anos.
"O Rio é uma cidade como outra qualquer, que possui lugares
onde não podemos ir. Porém, não
existe essa de que não se pode sair
de casa porque vai acontecer uma
guerrilha", disse a inspetora, que
não permite ser fotografada.
Para Marina, seu trabalho passou a ser valorizado pelo secretário de Segurança Pública, Roberto
Aguiar, que teria dado uma autonomia maior à Polícia Civil.
"Vínhamos apanhando bastante por causa de uma guerra de poderes. O antigo secretário [coronel Josias Quintal] é PM."
A inspetora disse que a polícia
do Rio, mesmo mal preparada, é
"a melhor do mundo".
A policial é contra a legalização
das drogas. Para ela, o problema
no Rio não é traficar, mas consumir. "Se liberar, o consumidor
que não tiver dinheiro para comprar drogas, vai continuar roubando e matando. Droga é um
problema de educação."
Marina diz não acreditar que a
violência seja só um problema social. "Se fosse assim, todo pobre
seria traficante ou assaltante."
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