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TRANSPORTE
Veículos são de novas linhas autorizadas pela prefeitura, mas categoria alega que elas tiram passageiros das lotações
Perueiros barram microônibus na zona sul
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Perueiros impediram nos últimos três dias a circulação de microônibus de duas viações em linhas novas autorizadas pela prefeitura na zona sul de São Paulo.
A ação foi uma resposta à iniciativa da gestão Marta Suplicy de
expandir a oferta de microônibus
operados por empresas de ônibus, e não por autônomos. A categoria alega que as novas linhas tiram os passageiros das lotações.
No último sábado, a viação
Campo Belo começaria a colocar
à disposição 15 microônibus para
fazer a linha Jardim Guarujá-Santo Amaro. A partida dos veículos
foi impedida por 200 perueiros.
Ontem, outros 15 microônibus
da linha Jardim Ângela-Santo
Amaro, controlada há mais de um
mês pela viação Jurema, também
deixaram de circular de manhã e à
tarde por causa das ameaças de
quase 50 motoristas de lotação.
O encarregado de tráfego da Jurema, Gilberto Novaes dos Santos, disse que a empresa não se
sentiu segura para manter os veículos. "A gente tirou porque eles
ameaçavam depredar os microônibus. A polícia disse que só dava
para garantir a proteção no ponto
final, mas não no percurso inteiro. A gente preferiu não arriscar."
Segundo ele, a volta dos microônibus à linha Jardim Ângela-Santo Amaro aconteceria no final da
tarde, após uma reunião entre líderes dos perueiros e da SPTrans
-São Paulo Transporte, órgão
municipal que cuida do setor.
Na reunião, a prefeitura suspendeu temporariamente a implantação da linha Jardim Guarujá-Santo Amaro, que seria operada pela
Campo Belo. Segundo a assessoria da SPTrans, técnicos vão estudar os argumentos dos autônomos até tomar uma decisão final.
Líderes de perueiros da zona sul
disseram que a ação dos últimos
três dias não foi organizada pelas
cooperativas, mas que não vão
permitir a criação de novas linhas
de microônibus operadas pelos
empresários. "A gente não vai
aceitar essa concorrência desleal",
afirmou Marcos Antonio de Souza, vice-presidente da Cooperpan.
"Na minha área eles não entram,
porque a gente vai reagir", disse
Francisco de Mola Neto, presidente da Cooperpeople.
Os 30 microônibus liberados
pela prefeitura na zona sul, com
capacidade para 15 lugares, deveriam transportar 3.000 passageiros diariamente em cada linha.
Nas zonas norte e oeste, já existem mais de 120 veículos desse tipo, chamados de Urbaninhos,
controlados pelas empresas de
ônibus. Os primeiros, das viações
Castro e AAL, começaram a circular em 1999, na gestão Pitta.
Neste ano, Marta liberou a circulação de 67 microônibus na zona norte, operados pela viação
Brasil Luxo, do empresário Belarmino Marta. Diferentemente dos
demais, os da zona norte têm cortinas e ar-condicionado, embora
cobrem a mesma tarifa de R$ 1,40.
A viação Jurema, do empresário
José Ruas Vaz, líder de mercado
na capital paulista, também planeja implantar nos próximos dias
uma linha com ar-condicionado
no Centro Empresarial de São
Paulo, na marginal Pinheiros.
O presidente do sindicato dos
motoristas de ônibus, Edivaldo
Santiago, defendeu ontem a ampliação da escolta armada privada
para garantir a implantação dos
microônibus na zona sul.
A escolta da empresa Plenum é
paga há mais de três meses por
empresários de ônibus das zonas
norte, oeste e leste para acompanhar a fiscalização da SPTrans
contra as lotações. A prática foi
considerada ilegal por advogados
ouvidos pela Folha. Até então, as
blitze eram acompanhadas apenas pela PM ou pela GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Para Santiago, a SPTrans "abandonou" a repreensão aos perueiros na zona sul porque só está atuando nas regiões onde as viações pagam a segurança privada
-Santana (zona norte), Lapa (oeste) e Itaquera (leste). A SPTrans não quis comentar o assunto ontem.
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