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EDUCAÇÃO
Universidade discorda de privilégio a militares e dependentes; 3.000 inscritos podem receber dinheiro de volta
UnB suspende vestibular do curso de direito
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho Universitário da
UnB decidiu ontem suspender o
próximo vestibular para o curso
de direito devido ao parecer da
AGU (Advocacia Geral da União)
que reconhece a militares e seus
dependentes uma vaga em caso
de transferência para universidade federal mesmo que estejam
matriculados em particulares.
O parecer, aprovado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
tem validade para todas as universidades federais.
A UnB (Universidade de Brasília) alega que a obrigatoriedade
inviabiliza o planejamento da instituição, já que seriam oferecidas
25 vagas no vestibular de direito
diurno, mas a instituição recebe
por semestre, em média, 70 pedidos de transferência de militares e
dependentes, a maioria vinda de
instituições privadas.
As outras 25 vagas oferecidas
pelo PAS (Programa de Avaliação
Seriada) estão mantidas. Os cerca
de 3.000 candidatos que já se inscreveram para o vestibular de direito podem receber o dinheiro de
volta ou escolher outro curso.
Depois de mais de quatro horas
de reunião, o conselho não descartou a possibilidade de cancelar
o vestibular para outros cursos e
decidiu "empregar todos os
meios" para reverter o parecer.
A Andifes (Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior) reunirá os reitores hoje para discutir
o assunto e pode ir à Justiça.
A entidade diz que o parecer fere a autonomia universitária e seria inconstitucional. É a autonomia que garante o direito a cada
universidade de decidir, por
exemplo, suspender o vestibular.
Na segunda-feira, a AGU divulgou nota dizendo que seu parecer
"não provoca o cancelamento de
vestibulares", não "fere a autonomia universitária" e "não privilegia os militares" e que a decisão
está baseada em jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça.
O ministro da Educação, Tarso
Genro, afirmou, por meio de sua
assessoria, que não tem alternativa a não ser acatar o parecer e que
as universidades podem, se quiserem, recorrer à Justiça.
Em sua resolução, o Conselho
Universitário da UnB diz que
"manifesta sua inconformidade
diante da flagrante violação que o
referido parecer representa à autonomia universitária". Considera a decisão "uma ameaça à qualidade e às condições de ensino".
Afirma ainda que buscará o
apoio para preservar o acesso
"igualitário por concurso público
ao ensino superior gratuito".
Interpretação
Em 1997, foi publicada uma lei
-a 9.536- determinando que as
instituições de ensino superior
públicas ou particulares, têm de
aceitar a transferência de servidores federais civis e militares e de
seus dependentes em caso de remoção pelo ofício, que acarrete
mudança de domicílio.
Para o MEC, a lei só valeria para
alunos de universidades públicas.
Já o Ministério da Defesa defendia
que a interpretação não se aplicava a militares -os que entraram
na Justiça acabaram vencendo.
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