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"Ela achou abuso da minha parte, mas depois entendeu"
DA REPORTAGEM LOCAL
Sandra não podia falar a palavra "droga" que seu filho, com
15 anos em 2003, ficava violento. O adolescente se negava a
conversar sobre o assunto e jurava que não consumia nenhum tipo de entorpecente.
Mas a mãe tinha certeza de que
era mentira. Resolveu contratar um detetive e viu sua suspeita comprovada.
Assim como Sandra, Ana Maria, mãe de uma jovem de 16
anos, e Celso, pai de outra de 17,
(todos os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados)
viveram a mesma situação e recorreram ao serviço de investigação para ter em mãos a prova
de suas desconfianças. Não se
arrependem e hoje afirmam
que seus filhos estão livres das
drogas. A seguir, as entrevistas:
FOLHA - Como começou a suspeita
de que seu filho estaria envolvido
com drogas?
SANDRA - Além de mudar o
comportamento de forma radical, o encontramos caído na
calçada em uma das vezes que
chegou ruim em casa.
ANA MARIA - Ela chegava em casa muito transtornada e começou a nos tratar com desrespeito, o que não ocorria antes. Seu
semblante também começou a
mudar. Quando tocávamos no
assunto, ela se levantava, virava
as costas e saía aos berros.
CELSO - Minha filha mudou
completamente o comportamento, não era mais aquele doce de menina. Não tratava mais
a mãe com o respeito de antes e
até a mim começou a tratar diferente. E olha que éramos
muito amigos.
FOLHA - Por que você optou pelo
serviço?
SANDRA - Porque ele ficava
muito violento quando eu tentava conversar sobre o assunto.
Ele chegou até a me agredir,
mas negava tudo, dizia apenas
que a bebida o havia deixado
ruim.
ANA MARIA - Por precisar saber
o que estava acontecendo.
Sempre quando conversávamos, a relação piorava pois ela
sempre negava e dizia apenas
que bebia cerveja.
CELSO - Não havia mais diálogo.
Ela chegava em casa cada vez
mais tarde, saía todas as sextas-feiras e, então, começou a sair
outros dias da semana, dizendo
que iria à casa de amigas. Eu
tentava imaginar que pudesse
ser outras coisas, não drogas.
Foi muito chocante quando fiquei sabendo.
FOLHA - Que tipo de droga seu filho usava?
SANDRA - Maconha.
ANA MARIA - Cocaína.
CELSO - Cocaína.
FOLHA - Que providências você tomou? Como ele está hoje?
SANDRA - Internei meu filho
durante oito meses em uma clínica. Hoje ele está bem, tem 18
anos, trabalha, acredito que
nem pensa mais na droga.
ANA MARIA - Após provar que eu
tinha certeza [de que usava
drogas], conversamos na presença do pai dela e demos uma
chance. Deixamos claro que, se
não houvesse mudança, tomaríamos medidas mais drásticas.
Hoje, ela tem 21 anos, está casada, tem um filho, vive feliz.
CELSO - Separei ela das amigas,
e inicialmente impedi suas saídas de casa. Comecei a vigiá-la
na entrada e saída do colégio.
No começo, houve relutância
por parte dela, dizia que tinha
quase 18 anos e que eu não tinha o direito de impedi-la de
passear. Com muita insistência, consegui fazê-la perceber o
erro. Por sorte, agimos rápido.
Ela estava no começo do uso
das drogas. Passado quase um
ano, comecei a dar para ela liberdade novamente.
FOLHA - Seu filho soube que foi investigado? Como reagiu?
SANDRA - Contei a ele que contratei alguém, que gastei dinheiro com isso porque, para
mim, ele era mais importante
do que tudo. Ele não gostou
muito, mas por ter conseguido
superar o vício, esqueceu.
ANA MARIA - No começo, ela
achou abuso da minha parte,
mas depois entendeu bem.
CELSO - Não contei a ela que
contratei um detetive. Disse
que uma amiga havia contado.
(DT)
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