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CURITIBA
Paciente volta a falar depois de seis anos
DIMITRI DO VALLE
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Depois de quase seis anos, o paciente NI (sigla médica para pessoa não identificada) voltou a ser
chamado pelo nome. Amauri Calixto, 35 anos, um catarinense de
Lages, recuperou a fala e reencontrou a família, que o havia dado
como morto.
Ele estava internado desde dezembro de 1997 no Hospital Cajuru, em Curitiba. Sua vida foi alterada depois de um atropelamento
que o deixou com traumatismo
craniano, tetraplégico e impedido
de falar.
Socorrido pelos bombeiros, estava sem documentos quando
chegou ao hospital.
Calixto só pôde dizer quem era
e de onde veio quando fisioterapeutas e fonoaudiólogos (especialistas na recuperação de movimentos do corpo e da voz) concluíram uma bateria de exercícios
no final do mês passado.
Ao conseguir pronunciar as primeiras palavras, Calixto revelou
ter chegado a Curitiba sozinho,
em 1997, para procurar emprego
e ajudar os parentes que moravam em Lages.
O paciente volta hoje à cidade
natal numa ambulância da Secretaria de Saúde de Lages, que continuará bancando a recuperação
do paciente.
Desafio
Fazer Calixto falar passou a ser
questão de honra para o corpo clínico do Hospital Cajuru. O caso
do paciente sensibilizou os especialistas.
"A gente pode dizer que NI também significa que nada é impossível", disse a fonoaudióloga Beatriz Alves de Souza.
De acordo com a especialista,
Calixto voltou a falar com a ajuda
da audição, que não foi afetada
pelo atropelamento. "Ele prestava
muita atenção ao que acontecia
ao redor. Isso o ajudou", afirmou
Souza.
Um ano depois do acidente, o
desempregado poderia ter recebido alta, mas, como ninguém sabia
nada sobre sua vida, o paciente
também virou um hóspede acolhido pelo hospital.
A irmã dele, a desempregada
Rosalba, 27, pensou que Calixto
estava morto. "Pelo tempo que ficou desaparecido, todo mundo
em casa perdeu as esperanças",
afirmou ela.
"Agora, ele vai para casa onde
vai receber bastante carinho, coisa de que irá precisar."
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