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Presidente do TSE quer realizar outras consultas
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Carlos Velloso, defendeu ontem a
realização de um referendo sobre
a interrupção de gravidez no caso
de feto com anencefalia e sugeriu
que haja uma ou duas consultas
populares em toda eleição municipal, que ocorre a cada quatro
anos no país.
"A questão do feto anencéfalo é
importantíssima, por causa de
seu aspecto religioso", disse Velloso, após anunciar ontem à noite o resultado da votação sobre a
possibilidade da proibição do comércio de armas e munições.
A realização de novas consultas
depende da sua previsão em lei-
o referendo de ontem foi previsto
no Estatuto do Desarmamento,
em 2003. Para Velloso, essas consultas dão legitimidade à democracia.
O ministro disse ter ficado surpreso com a vitória do "não" com
larga margem de diferença. Para
ele, os institutos de pesquisa teriam errado caso não tivessem
apurado a vitória do "não", mas
não por terem apontado percentagens diferentes das registradas
na votação. "Quando eles dizem
que [a diferença] será de 10 pontos percentuais e ela é de 20, penso
que não há erro."
Os institutos registraram nas últimas pesquisas um crescimento
do "não".
Velloso considerou compreensível o fato de a abstenção, em torno de 21%, ter superado o índice
normalmente registrado em eleições municipais e presidenciais,
de cerca de 15%. "As eleições,
principalmente as municipais,
são mais apaixonantes."
Ele afirmou que apesar do custo
extra devido à construção de uma
ponte que caiu em Mato Grosso
do Sul, o custo do referendo ficará
abaixo dos R$ 270 milhões previstos. A economia será de pelo menos R$ 20 milhões, segundo expectativa de ontem à noite.
Anencefalia
Em 2004, uma liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Marco Aurélio de Mello
liberou a interrupção da gravidez
nos casos de fetos anencéfalos,
mesmo sem autorização judicial
específica. Para Mello, não se trata
de aborto porque não há expectativa de vida após o parto.
A decisão vigorou por quase
quatro meses, mas foi derrubada
pelo plenário do STF por 7 votos a
4. Velloso, que acumula a função
de presidente do TSE com a de
ministro do STF, votou pela cassação da liminar. O mérito da
ação em que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde pede a liberação da interrupção das gestações nessas hipóteses
ainda não foi julgado.
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