São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

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Piloto de cargueiro irá depor na apuração sobre vôo 1907

Após choque, Alexander Gomez fez "ponte" para que jato se comunicasse com a torre

Em entrevista, ele afirmou ter ajudado o controlador aéreo da serra do Cachimbo e os tripulantes do Legacy a se comunicarem por rádio

DA REPORTAGEM LOCAL

As autoridades que investigam o acidente entre o Boeing-737/800 da Gol e o jato executivo Legacy, que resultou na morte de 154 pessoas, vão convocar para depor nos próximos dias o piloto Alexander Gomez, responsável por uma aeronave de carga que ajudou os pilotos do avião menor a fazer contato com uma das torres de controle aéreo que opera na região do acidente, em 29 de setembro.
De acordo com um oficial do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da FAB (Força Aérea Brasileira), o depoimento de Alexandre Gomez sobre a conversa que teve com a torre de controle e os pilotos do Legacy, somado ao conteúdo da caixa-preta do Boeing da Gol, poderá ser de "fundamental importância" para que o acidente seja esclarecido.

Ponte de comunicação
Segundo reportagem exibida ontem pelo jornal "Fala Brasil", da Record, logo após os pilotos do Legacy, os americanos Joe Lepore e Jean Palladino, constatarem problemas na aeronave, Gomez fez uma ""ponte de comunicação" entre o jato e a base de controle de vôo na região do acidente, na serra do Cachimbo (PA).
Com o rádio do avião cargueiro, que pilotava na mesma rota das duas aeronaves envolvidas no acidente, vindo de Miami (EUA) para São Paulo, Gomez ajudou o controlador de tráfego aéreo da serra do Cachimbo e os pilotos do Legacy a se comunicarem.
Segundo o piloto, o pedido de ajuda dos tripulantes do Legacy ocorreu cerca de quatro minutos após o toque entre o avião e o Boeing, "cerca de 200 ou 300 quilômetros depois de Alta Floresta (MT)", contou Gomez, para quem o acidente entre o Legacy e o Boeing ocorreu "por uma falha de comunicação".

Emergência
"Escutei na freqüência de emergência o Legacy pedindo ajuda. Ele [piloto do Legacy] sabia de um aeroporto, mas não sabia o nome e não tinha o contato das freqüências para pousar", explicou Gomez, que também ajudou a torre de controle e a tripulação do jato a minimizar um problema de entendimento de língua, pois o controlador de vôo não conseguia entender o Legacy e vice-versa.
As assessorias de imprensa da FAB e da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) foram procuradas pela reportagem para comentar a ação de Gomez, mas não se pronunciaram sobre o assunto.
(ANDRÉ CARAMANTE)


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