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PMs podem ter se confundido, diz coronel
Comandante agora põe em dúvida se houve tiro antes da invasão; na véspera, ele disse que Nayara devia ter se confundido
Félix depôs no 6º DP, em Santo André, para esclarecer se Lindemberg atirou antes da invasão e por que Nayara voltou ao apartamento
Danilo Verpa - 17.out.08/Folha Imagem
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Escada sem altura suficiente para alcançar o parapeito da janela
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O coronel Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de
Choque da Polícia Militar, admitiu ontem, pela primeira vez,
que os PMs podem ter se confundido sobre o tiro ouvido antes de invadirem o apartamento onde Eloá Pimentel e Nayara
Silva eram mantidas reféns.
Até então, ele havia afirmado
várias vezes que a equipe só invadiu o local após Lindemberg
Alves ter dado um disparo.
"Pode ter ouvido um outro
barulho e a equipe ter interpretado como tiro? Pode. Não vamos dizer que não", respondeu
o coronel à pergunta feita por
jornalistas se os cinco PMs que
invadiram o apartamento podem ter confundido qualquer
outro barulho, inclusive um rojão, com um tiro de revólver.
Na quarta-feira, logo após a
polícia revelar que Nayara, em
depoimento, afirmara que não
houve disparo antes da invasão,
Félix disse que a menina poderia ter se confundido.
Ontem, porém, ele recuou.
"Da mesma forma que a menina Nayara pode ter se confundido, os policiais também podem", disse.
Ele deu entrevista após ter sido intimado a depor no 6º Distrito Policial, em Santo André.
Foi chamado a depor para esclarecer duas coisas: se o tiro
que a PM afirma que Lindemberg deu foi mesmo antes da invasão e por que o Gate permitiu
que Nayara voltasse ao apartamento de onde havia sido libertada um dia antes.
"Todas as declarações que eu
dei foram as mesmas que eu dei
até agora. Não tem nada para
mudar, nenhuma vírgula", disse o coronel Félix, sem entrar
em detalhes sobre o que relatou
aos policiais civis.
Para ele, somente os laudos
da Polícia Técnico-Científica e,
posteriormente, a reconstituição do crime, é que poderão esclarecer o que aconteceu.
"Agora, se esse disparo partiu
de dentro ou partiu de fora do
apartamento, se foi rojão, o laudo técnico vai dar. A perícia vai
dar o laudo conclusivo", disse.
Félix voltou a afirmar que
confia em sua equipe. "Confio
nos homens, na equipe que invadiu, corroborado por três testemunhas [vizinhos] que ouviram o disparo [antes da invasão]", disse o coronel.
Ontem, Félix voltou a afirmar que a volta de Nayara ao
apartamento "partiu dela". Segundo ele, a adolescente estaria
segura se tivesse parado onde
ficou o irmão da outra refém,
Eloá -que teve morte cerebral
no final da noite de sábado.
"Mas ela [Nayara] continuou
andando, e a equipe [do Gate],
que estava na lateral, não teve
condições de intervir. Uma
ação policial ali poderia ter um
desfecho ruim porque Lindemberg havia aberto a porta e
apontado uma arma para Eloá",
disse. Segundo Nayara, ela só
entrou porque Lindemberg
ameaçou matar Eloá se ela não
o obedecesse.
Ele insistiu na tese de que a
mãe da adolescente tinha autorizado a ação. Andrea Araújo,
porém, afirmou aos jornalistas
que só autorizou que a filha ficasse conversando com Lindemberg, pelo telefone, do lado
de fora do prédio de Eloá.
A polícia informou que o inquérito do caso deve ser concluído hoje -mesmo sem a reconstituição do crime e o resultado da perícia- e que Lindemberg não será mais ouvido, pois
ele se negou a falar.
(KLEBER TOMAZ)
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