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Usar menina em negociação "não tem cabimento", diz desembargador
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o desembargador Antonio Carlos Malheiros, coordenador da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça de
SP, "não tem cabimento" a participação de Nayara nas negociações com Lindemberg.
Malheiros afirmou que, em
uma situação de extrema necessidade, na avaliação da equipe de negociadores, ela não deveria nem sequer ter saído de
casa -poderia ter tido uma
participação por telefone e com
acompanhamento da polícia.
"Não seria o ideal. Mas caso
isso realmente pudesse ajudar
-não consigo imaginar de que
forma-, e não fosse trazer nenhum trauma ou dano psicológico, poderia ter essa participação por telefone", afirmou.
A crítica do desembargador
se deu um dia após Nayara dar
detalhes sobre sua participação
nas negociações à Polícia Civil.
Ela disse que entrou no prédio
por orientação dos policiais.
A mãe da adolescente, Andréia Araújo, porém, afirma ter
acordado com a polícia que Nayara participaria da negociação
por telefone de uma escola que
era usada pela polícia como
uma base da operação.
Já a polícia disse que a mãe
autorizou que a menina participasse da negociação. E que a garota descumpriu a orientação
de não entrar no apartamento
-ela deveria ter parado a uma
distância "segura" da porta.
"Já acho algo extravagante
pedir a participação dela por telefone. Mas não foi só isso o que
aconteceu. Deixaram ela ir até a
escada e ela não ficou no local
mais distante, mas sim na linha
de fogo. Não deram alternativa
para ela não tomar aquela iniciativa [de voltar ao apartamento]", afirma. A menina alega que Lindemberg ameaçou
matar Eloá se ela não entrasse.
Wladimir Nóbrega de Almeida, advogado de família e presidente da Comissão de Direito
Civil da OAB, diz que a volta de
um refém ao cativeiro "só aconteceu mesmo uma vez no mundo". "E foi nesse caso", diz.
Ele foi taxativo ao dizer que a
polícia não deveria ter procurado a garota para que ela participasse da negociação, nem mesmo por telefone. "A polícia deveria ter sido "firme" em não
permitir, mesmo com as exigências de Lindemberg. Entendo que a coisa andou errada do
começo ao fim. A nossa polícia
está precisando passar por bancos de uma academia para formar pessoas capacitadas para
um caso como esse", afirma.
Ele diz ainda considerar um
fato grave a eventual quebra do
acordo entre a polícia e os pais
de Nayara, e que ela não teria
nenhuma condição psicológica
ou treinamento para negociar
da escada.
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