|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Moradores tentam barrar obra no Sumaré
Eles dizem que a casa de 2.000 m2, futura moradia de membros da Opus Dei, tem 5 andares; prefeitura aprovou construção
Casa destoa da arquitetura do bairro, que é tombado pelo patrimônio histórico; ao levar caso para Justiça, moradores perderam em 1ª instância
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Moradores do Sumaré (zona
oeste de SP) tentam impedir a
construção de uma casa de quase 2.000 metros quadrados,
com altura equivalente a cinco
andares, no bairro -tombado
pelo patrimônio histórico municipal. O imóvel poderá servir
de moradia a integrantes da
Opus Dei, entidade ligada à
Igreja Católica.
A disputa chegou à Justiça
-os moradores perderam em
primeira instância e recorreram. Apesar de a obra destoar
da arquitetura predominante
no bairro, a Subprefeitura da
Lapa e o Conpresp (conselho
municipal do patrimônio histórico) a consideram regular.
A obra ocorre em uma rua
com casas de dois andares que
fica em uma zona de uso estritamente residencial -os imóveis só podem ter até dez metros de altura (três andares).
A polêmica aconteceu porque a construção está em um
lote que ocupava dois terrenos:
um na rua Piracicaba, onde fica
a entrada da casa, e outro na rua
Poconé, fundo da edificação e
cerca de 18 metros mais baixa.
Por isso, de frente, a casa tem
três andares (com 9,9 metros
de altura), o que a torna regular. Nos fundos, porém, tem
mais de 20 metros e causa sombra no quintal dos vizinhos.
"Meu terreno também é em
declive. Se eu quisesse fazer o
mesmo, teria um prédio muito
grande na rua que fica atrás.
Mas acho importante respeitar
as características do bairro",
afirma a professora Maria de
Jesus Magnanini, 82, moradora
há 40 anos do local.
A Associação de Empreendimentos Culturais, responsável
pela obra e dirigida por membros da Opus Dei, diz que a obra
respeita as restrições.
Fora de padrão
Andréa Tourinho, presidente
do DPH (Departamento do Patrimônio Histórico), órgão ao
qual o Conpresp é ligado, afirma que a obra foi aprovada pelo
conselho por se ajustar às exigências do tombamento, mas
que o processo será revisto para
observar se a construção seguiu
à risca o que foi aprovado.
Ela reconhece, porém, que a
construção não se assemelha às
características arquitetônicas
do bairro. "A casa destoa. Há
um tipo de ocupação homogênea, que busca preservar a qualidade do conjunto", diz. "Se as
restrições não dão conta de
preservar, talvez seja a hora de
revisar esses critérios."
Além de acharem que a obra
não respeita os limites de altura
previstos no bairro, os moradores afirmam que a construção
não respeita os recuos.
Para João Fava Junior, presidente da Somasu (Sociedade
dos Moradores e Amigos do Sumaré), a obra não deveria ter sido aprovada porque os órgãos
municipais não observaram a
junção dos dois terrenos e, por
isso, deveria haver um recuo de
nove metros nos fundos de cada um dos dois lotes, como previa a matrícula do imóvel. O recuo causaria um "buraco" de 18
metros no meio do lote, dividindo o prédio em dois.
A Associação de Empreendimentos Culturais, contudo,
afirma que, quando adquiriu o
lote, ele já havia sido unificado.
Por isso, só deveria obedecer a
um recuo de fundo, o que foi
feito. "Não estamos fazendo
nada de errado. Se algum vizinho tem a sensação de que está
sendo prejudicado, a gente
quer explicar", diz a porta-voz
da associação, Ane Kmiecik.
Texto Anterior: Procuradoria apura se policiais mantêm serviços Próximo Texto: Guarulhos: Incêndio em indústria atinge duas empresas Índice
|