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outro lado
PMs não pararam porque podia ser mendigo, diz defesa
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DO RIO
José Aroldo dos Santos,
advogado do capitão Denis
Leonard Nogueira Bizarro,
alegou ontem que seu cliente
e o cabo Marcos de Oliveira
Salles, não pararam para
prestar socorro ao coordenador do AfroReggae ao passar
por ele porque "podia ser um
mendigo".
Santos disse ainda que o
capitão não prendeu os assassinos de Silva porque não
encontrou com eles nenhum
indício de que haviam cometido algum crime. "Quando
eles viram os assaltantes, fizeram a abordagem, mas os
caras não tinham nada, então não podiam prendê-los."
Segundo o advogado, os
criminosos já haviam se livrado da arma. Já o casaco e
o tênis do coordenador do
AfroReggae, que haviam sido
levados pelos criminosos e,
segundo mostraram imagens captadas na rua, recolhidos por um dos policiais,
estavam no chão quando Bizarro e Salles abordaram os
criminosos, diz o advogado.
Santos disse que os policiais jogaram fora os pertences de Silva. "Eram um casaco e um tênis velho."
O delegado José Luiz da
Silva Duarte, que investiga o
caso, negou-se a dizer o motivo alegado pelos policiais,
em depoimento, para recolher os pertences.
Ontem, Bizarro voltou à
delegacia para depor de novo, agora sendo confrontado
com as imagens, mas não
conseguiu falar porque estava muito abalado, segundo
seu advogado e o delegado.
O delegado disse, no entanto, que há pelo menos
uma contradição entre o primeiro depoimento do capitão e as imagens captadas
por câmeras instaladas na
rua do crime. "Na primeira
vez que ele veio aqui, negou
tudo, inclusive que tinha
abordado os criminosos."
Casado e pai de dois filhos,
o capitão faz parte da Polícia
Militar há dez anos, nove deles atuando no interior. "A
família está desesperada",
disse o advogado.
A Folha não conseguiu
contato com a defesa do cabo
Marcos Oliveira Salles.
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