São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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outro lado

PMs não pararam porque podia ser mendigo, diz defesa

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

José Aroldo dos Santos, advogado do capitão Denis Leonard Nogueira Bizarro, alegou ontem que seu cliente e o cabo Marcos de Oliveira Salles, não pararam para prestar socorro ao coordenador do AfroReggae ao passar por ele porque "podia ser um mendigo".
Santos disse ainda que o capitão não prendeu os assassinos de Silva porque não encontrou com eles nenhum indício de que haviam cometido algum crime. "Quando eles viram os assaltantes, fizeram a abordagem, mas os caras não tinham nada, então não podiam prendê-los."
Segundo o advogado, os criminosos já haviam se livrado da arma. Já o casaco e o tênis do coordenador do AfroReggae, que haviam sido levados pelos criminosos e, segundo mostraram imagens captadas na rua, recolhidos por um dos policiais, estavam no chão quando Bizarro e Salles abordaram os criminosos, diz o advogado.
Santos disse que os policiais jogaram fora os pertences de Silva. "Eram um casaco e um tênis velho."
O delegado José Luiz da Silva Duarte, que investiga o caso, negou-se a dizer o motivo alegado pelos policiais, em depoimento, para recolher os pertences.
Ontem, Bizarro voltou à delegacia para depor de novo, agora sendo confrontado com as imagens, mas não conseguiu falar porque estava muito abalado, segundo seu advogado e o delegado.
O delegado disse, no entanto, que há pelo menos uma contradição entre o primeiro depoimento do capitão e as imagens captadas por câmeras instaladas na rua do crime. "Na primeira vez que ele veio aqui, negou tudo, inclusive que tinha abordado os criminosos."
Casado e pai de dois filhos, o capitão faz parte da Polícia Militar há dez anos, nove deles atuando no interior. "A família está desesperada", disse o advogado.
A Folha não conseguiu contato com a defesa do cabo Marcos Oliveira Salles.


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