São Paulo, segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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DESAFINOU

Pianos colocados no metrô para "popularizar a arte" estão sem manutenção

Apu Gomes/Folhapress
Pianista Juliana D’agostini, 25, testa o piano instalado na estação Tamanduateí, na linha verde do metrô de São Paulo

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Pelo centro da estação Sé ecoavam, na manhã da última quinta, o concerto número 1 para piano e orquestra de Mendelssohn e a "Polonaise op. 44", de Chopin.
Era a pianista Juliana D'Agostini, 25, que testava o piano Fritz Dobbert, a pedido da Folha, enquanto oito pessoas se aproximavam, curiosas, para ouvir melhor.
No final, ela decretou: "Está totalmente desafinado!" Não só isso: 11 cordas estão quebradas e duas teclas do agudo estão presas.
Problemas parecidos foram constatados por ela nas estações Tamanduateí (linha verde) e Santana (linha azul) - entre cordas quebradas e presas, há problemas no pedal e nos abafadores.
Essas estações e a do Largo 13 (linha lilás) hospedam pianos há sete meses, quando o Metrô criou o projeto "Piano no Metrô", para popularizar a arte.
Apesar dos problemas verificados pela pianista, em todas as estações visitadas havia sempre alguém experimentando o piano do local.
"A iniciativa é muito boa. Pessoas que não têm piano em casa podem parar e tocar aqui. Mas tinha que fazer a manutenção no máximo a cada quatro meses", diz Juliana, que toca há 20 anos, dentro e fora do país, e lançou dois CDs de música clássica.
O estudante Rafael Drumond, 18, também percebeu que os pianos "desandaram" de dois meses para cá, quando ele foi tentar tocar canções dos Beatles e viu que algumas notas nem sequer emitiam mais som. Ele pratica piano há um ano e meio e costuma tocar na Sé sempre que vai para o centro de São Paulo.
"A atitude de disponibilizar os pianos ao público foi bem recebida, mas, após sete meses, os instrumentos já parecem abandonados", diz.

EDITAL
Aluizio Gibson, chefe do departamento de marketing corporativo do Metrô, admite o problema e diz que ele logo será resolvido, com a publicação de um edital, "em fase final de elaboração", para contratar uma empresa responsável pela manutenção.
Os pianos, que custam R$ 6.550 (são do modelo mais simples fabricado no Brasil) foram entregues novos em março e nunca passaram por manutenção completa, embora já tenham sido afinados.
"Preferimos mantê-los assim a tirar, pois a população continua tocando."

FOLHA.com
Ouça o teste nas estações de metrô
folha.com/no994499




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