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SEGURANÇA
Demissão de Rafik Louzada torna pública crise em secretaria do Rio; policiais civis reclamam de comando militar
Garotinho exonera chefe da Polícia Civil
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O delegado Rafik Louzada foi
exonerado ontem do cargo de
chefe de Polícia Civil pelo governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (sem partido). Com a demissão, o governo
tornou pública uma crise que internamente já afetava a Secretaria
da Segurança Pública.
Os policiais civis ameaçam fazer
uma "operação padrão" (trabalhar de maneira displicente) em
protesto contra o que chamam de
"militarização da política de segurança", com a predominância de
coronéis da Polícia Militar no comando da secretaria.
Garotinho creditou a demissão
de Louzada ao fato de a Polícia Civil não estar conseguindo descobrir os autores da maioria dos casos de homicídios, depredações
de ônibus e assaltos a residências.
A versão apresentada por policiais civis é outra. Para eles, Louzada foi demitido por levar ao governador a insatisfação da categoria com medidas adotadas pela
secretaria, como o uso de uniforme pelos policiais que integrarão
a Nova Polícia (nome dado ao trabalho conjunto de militares e civis
em um mesmo órgão).
A demissão de Louzada, anunciada cedo pelo governo, estava
decidida desde a noite anterior.
Anteontem, Garotinho se reuniu com Louzada, com o secretário da Segurança, coronel Josias
Quintal, e com o coordenador de
Segurança, coronel Jorge da Silva.
No encontro, o governador cobrou de Louzada mais engajamento da Polícia Civil nos trabalhos do Instituto de Segurança
Pública, criado com o objetivo de
unificar as polícias. O então chefe
de Polícia Civil argumentou que
os policiais estavam bastante irritados com o fato de a secretaria
ser chefiada por coronéis da PM.
Após a conversa, o governador,
sob a alegação de que a Polícia Civil vinha trabalhando com pouca
eficiência na elucidação dos crimes, decidiu afastar Louzada.
Desconfiado da decisão, ele já
alertara assessores diretos, anteontem, de que seria exonerado.
Ontem, Garotinho disse que
desconhece a "operação padrão"
dos policiais civis. "Nos últimos
três meses, venho avaliando as taxas de elucidação de crimes. Venho cobrando medidas para aumentar essa taxa, que, infelizmente, tem sido muito baixa", disse.
Louzada não comentou a exoneração. Em nota, disse estar à
disposição do governador e do secretário de Segurança.
As entidades representativas
dos policiais civis articulam protestos contra a política de segurança. A Associação dos Delegados de Polícia e o Sindicato dos
Delegados pretendem entrar na
Justiça contra o uso de uniformes.
Não há uma iniciativa conjunta
para a realização de uma "operação padrão", mas policiais civis
ouvidos pela Folha disseram que,
desde o anúncio do uso de uniformes, os trabalhos estão sendo realizados de maneira mais lenta.
Para o presidente do Sindicato
dos Delegados, Pedro Paulo Pinho, "a farda é incoerente com a
atividade de investigar".
Diretor do Núcleo de Defesa dos
Policiais Civis, Gemerson Dias
afirmou que "as alegações do governo chegam a ser indecentes".
Para Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos Policiais
Civis, "o policial civil não irá, de
jeito nenhum, usar farda".
Garotinho não admitiu rever o
uso de uniformes, que, segundo
ele, "é uma decisão de governo".
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