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SAÚDE
Para médicos brasileiros, proposta ainda é "hipótese"
Francês defende nova linha de pesquisa para vacina contra Aids
DA REPORTAGEM LOCAL
Qual é o mecanismo natural
que protege os milhares de portadores de HIV que nunca caem
doentes? E se tal mecanismo vier a
ser identificado, ele poderá ser
inoculado em forma de vacina naqueles pacientes que não estão
protegidos?
O virologista francês Jean Claude Chermann, que fez parte da
equipe de Luc Montagnier na fase
de identificação do vírus da Aids,
acha que sim. Mais que isso, ele
afirma já ter identificado esse mecanismo ao longo dos últimos sete anos de estudos.
Ontem, ele esteve em São Paulo
para uma entrevista com jornalistas e uma palestra para médicos.
Um determinado antígeno
(uma proteína chamada de R7V)
seria o responsável pela produção
dos anticorpos que neutralizariam o HIV, mantendo o paciente
assintomático. A novidade, segundo o médico, é que em lugar
de atacar o HIV -que passa por
milhares de mutações-, o antígeno atacaria um pedaço de proteína que é incorporado pelo vírus e que é igual em todo paciente.
No momento, Chermann estaria contatando instituições de
pesquisas para uma fase ainda
preliminar da possível futura vacina. Nessa fase, com o uso de testes desenvolvidos pelo médico Ricardo Oliveira, seriam identificados pacientes com HIV "protegidos" e "não-protegidos". "Trata-se de uma fase que confirmará as
teses do professor Chermann e
que antecede ao início de um protocolo científico", diz Oliveira.
Para a Sociedade Brasileira de
Infectologia, a proposta do médico francês "é apenas uma hipótese que pode vir a ser interessante".
"Não podemos transformar uma
hipótese que ainda precisa ser demonstrada em modelo que explique o inexplicável", diz Adauto
Castelo, infectologista da Universidade Federal de São Paulo e presidente da SBI.
Castelo observa que em nenhum dos quatro últimos congressos internacionais sobre vacina foi feita qualquer referência à
tese de Chermann. "Se fosse importante, a notícia já teria saído
nas publicações científicas", afirma. Para ele, o grande desafio da
ciência é "reconstituir a capacidade imunológica do organismo de
reconhecer o HIV, o que reduziria
o uso de remédios".
Para Chermann, sua "vacina é
realidade, não uma tese".
(AURELIANO BIANCARELLI)
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