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CHILE
Aduana não registrou saída do país do veículo de turista em viagem anterior; ela foi algemada e levada em camburão
Erro em alfândega causa prisão de brasileira
FLÁVIA DE LEON
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao sair para programadas férias
de dez dias com o marido no Taiti,
Adriana Davini, 33, redatora da
agência de publicidade DPZ, jamais poderia imaginar que faria
uma escala na prisão no Chile e
sem ter cometido crime algum.
A história começa no dia 2 deste
mês. Ela e o marido, o fotógrafo
Cássio Vasconcellos, pegaram um
avião com destino a Papeete, com
conexão em Santiago, capital chilena, onde aguardariam sete horas até seguir viagem.
Foi então que a companhia ofereceu alternativa para o tédio: os
passageiros poderiam fazer um
tour pela cidade e almoçar no aeroporto ou então visitar o município por conta própria e pagar a taxa de embarque no retorno.
Como já conheciam Santiago,
Cássio e Adriana decidiram rever
um restaurante do qual gostaram.
Na volta, ao entregar o passaporte
na polícia internacional, Adriana
descobriu que era procurada por
fraude aduaneira, com mandado
de prisão expedido em 1997.
Adriana foi levada para uma sala no aeroporto. Enquanto isso,
Cássio, o marido, tentava falar
com o consulado brasileiro. Feriado no Brasil, a funcionária de
plantão disse apenas que não poderia ajudar e recomendou a ele
que procurasse a repartição no
dia seguinte.
Adriana conseguiu, com muito
choro e drama, convencer os policiais a deixá-la passar a noite presa no aeroporto. Mas, na manhã
seguinte, com a troca da equipe de
policiais, foi mandada para a prisão, algemada e em camburão.
Do lado de fora, Cássio tentava
descobrir qual era, afinal, o problema. Soube que a denúncia era
da aduana de Osorno, exatamente o local por onde haviam entrado no Chile, cinco anos antes, a
bordo da camionete de Adriana.
Saíram por El Libertadores.
Cássio acionou a família de
Adriana, que estava na praia
aproveitando o feriado, e começou a coleta de papéis: documentos do carro e o passaporte antigo
dela para provar que havia entrado e saído do país com o carro.
Adriana, por sua vez, esperava
uma audiência com o juiz que havia sido marcada para o dia seguinte, dia 3. Para sua surpresa, a
audiência foi antecipada para a
tarde daquele mesmo dia. Mas, ao
chegar ao tribunal, foi informada
de que continuaria presa, pois a
aduana de Osorno não havia encontrado o processo.
Mais choro, e uma funcionária
se sensibilizou. Telefonou para a
aduana até ser atendida. O processo havia sido localizado, e
Adriana pagou o equivalente a
US$ 100 como fiança.
Porém a viagem para o Taiti
ainda estava ameaçada. Sem pegar o "nada consta" de Osorno,
ela não teria o passaporte de volta.
Osorno fica a mil quilômetros de
Santiago e o último avião para lá
já havia decolado.
Enfrentaram uma viagem de
ônibus de 12 horas. "Chegamos
ao Tribunal de Crimes de Osorno
às 11h30. Só então soube que o
problema era com o carro, que a
aduana não registrou sua saída do
país. A escrivã logo entendeu que
era tudo um grande erro, anexou
os faxes ao processo, entrou na sala do juiz e pegou sua assinatura.
Nem precisei falar com o juiz."
Saldo da viagem: a maior parte
das noites sem dormir e menos
US$ 4.000 no bolso, o preço pago
no Chile, entre advogado, fiança e
traslado até Osorno, para livrá-la
de uma culpa que ela não tinha.
Procurado pela Folha, o Ministério das Relações Exteriores recomendou que Adriana mande
uma carta ao ministro Luiz Felipe
Lampreia contando sua história
para que ele possa tomar as providências cabíveis.
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