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Falta conscientização, diz dirigente
DA REPORTAGEM LOCAL
"O agressor vai continuar livre,
molestando outras mulheres." A
afirmação, feita por Márcia Beccelli Salgado e repetida por outras
delegadas das DDMs (Delegacias
de Defesa da Mulher) de São Paulo, é a principal arma para convencer as vítimas de estupro a fazer a denúncia contra o agressor.
"O caminho é a conscientização. O resultado pode ser frustrante, mas não há outro jeito",
disse Márcia Salgado, dirigente do
setor técnico de apoio às DDMs
no Estado de São Paulo.
Segundo ela, não há como evitar
sofrimentos -a vítima vai ter de
fazer o retrato falado, terá de repetir várias vezes os detalhes do crime e fazer o reconhecimento de
suspeitos. "Os detalhes que a vítima tenta apagar são justamente
do que a polícia precisa para obter
a condenação do autor."
Márcia Salgado defende a legislação que prevê a necessidade de
consentimento da vítima para
instaurar o inquérito. "O estupro
é um crime que depende muito
das informações da vítima. Sem a
colaboração, fica muito difícil."
Ela contesta ONGs que apontam falta de estrutura do Estado.
"Alegar que não existe nada com
tratamento diferenciado não é
verdade." A dirigente citou o projeto Bem-Me-Quer, um serviço
com médicos, psiquiatras e outros profissionais de saúde que
atende vítimas de estupro na
Grande São Paulo. "Esse sistema
precisa ser estendido", disse.
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