São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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Chuva provoca 20 mortes e isola municípios em SC

Balanço da Defesa Civil indica que 15.561 pessoas abandonaram suas casas

Situação "é a pior possível", diz governador; Estado raciona água, decreta emergência e pede auxílio ao presidente Lula

Fabrizio Motta/ Agência RBS
Moradores do bairro Jativoca, em Joinville, que ficou alagado

PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA

As chuvas que atingem Santa Catarina desde a noite de sexta-feira provocaram a morte de ao menos 20 pessoas, de acordo com a Defesa Civil do Estado.
Com exceção de um caso, todas as mortes ocorreram em soterramentos. A 20ª vítima, uma mulher de 21 anos, morreu após seu carro cair num rio.
A Defesa Civil contabilizava 15.561 pessoas que abandonaram suas moradias: 8.216 desabrigados (estão em abrigos) e 7.345 desalojados (na casa de parentes ou amigos).
As regiões mais afetadas são o litoral norte e as cidades margeadas pelo rio Itajaí-Açu, como Blumenau (162 km de Florianópolis). A Defesa Civil contabiliza 1,5 milhão de pessoas afetadas pela chuva. Cerca de 250 mil pessoas estão sem energia elétrica, segundo a Celesc (Centrais Elétricas de SC). "A situação é a pior possível", afirmou o governador Luiz Henrique (PMDB). Ele disse que as chuvas que atingem o Estado há quatro meses provocaram o encharcamento das encostas. Com as chuvas dos últimos dias, a terra molhada começou a deslizar.
A previsão de mais chuvas até quarta-feira preocupa as autoridades. O governador decretou no sábado estado de emergência e solicitou apoio do Ministério da Integração Nacional em conversa telefônica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também foi pedido apoio aos governadores do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB).
Após o telefonema de Lula, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração) despachou para Joinville o secretário nacional de Defesa Civil, Roberto Guimarães, para fazer uma avaliação da situação. Emergencialmente, foi definida a liberação de 2.000 cestas básicas, colchões, travesseiros e lençóis.

Resgate
Luiz Henrique disse que a principal necessidade é de helicópteros para os resgates. A previsão é receber hoje quatro helicópteros das Forças Armadas, sendo dois do Exército e dois da Aeronáutica.
Foi anunciada a criação de um grupo de salvamento da FAB em Navegantes.
O governo catarinense possui três aviões e um helicóptero nas operações. O governo paranaense ficou de enviar dois helicópteros e um avião. O governo do Estado também precisa de barcos para as operações. Por isso, colocou em seu site um anúncio procurando interessados em vender embarcações de alumínio. Em Blumenau, o 23º Batalhão de Infantaria do Exército está auxiliando no resgate de vítimas, segundo o governo.
As cidades com mortes já registradas são Blumenau (8), Luiz Alves (4) e Jaraguá do Sul (3). Brusque, Garuva, Gaspar, Pomerode e Bom Jardim da Serra têm, cada uma, uma vítima fatal. Foi decretada situação de emergência em 43 municípios do Estado. O secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de Blumenau, Paulo França, disse que os trabalhos de busca e resgate de moradores das encostas eram dificultados ontem pela correnteza do Itajaí-Açu.
A cheia de mais de dez metros desse rio, de acordo com a Defesa Civil, provocou alagamentos em 62 ruas. Desde sexta, o índice pluviométrico chegou a 335 mm em Blumenau. A média de novembro, disse França, é de 150 mm. De acordo com França, Blumenau estava isolada até ontem à noite em virtude de deslizamentos de terras em rodovias e por causa de enchentes.
Outros quatro municípios, Pomerode, Rio dos Cedros, Itapoá e Benedito Novo, também estavam incomunicáveis. Dez trechos em rodovias estaduais e nove em federais estão interditados em virtude das chuvas. A situação de Brusque (101 km de Florianópolis) também preocupa. Metade da cidade ficou sem energia elétrica e cem casas foram interditadas em virtude dos deslizamentos.
Em Gaspar (140 km de Florianópolis), 600 turistas ficaram isolados na parque aquático Cascanéia em virtude de quedas de barreiras.
A Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) anunciou racionamento de água em Florianópolis, pois as chuvas aumentaram o volume das águas dos rios, prejudicando a purificação. Outro problema foi o rompimento de uma das adutoras que abastecem a região metropolitana.


Colaboraram DEH OLIVEIRA , PAULO HENRIQUE SOUSA e a Sucursal de Brasília



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