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Promotoria apura suposto pagamento de propina no RS
Vereadores de Porto Alegre levantaram suspeita de que colegas receberam dinheiro para aprovar lei que permite construção de prédios de R$ 150 milhões
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Com base em declarações de
vereadores, o Ministério Público do Rio Grande do Sul está investigando uma suposta compra de votos na Câmara de Porto Alegre para aprovar uma lei
que abre caminho para a construção de um complexo de edifícios na orla do rio Guaíba.
Aprovado no dia 12 de novembro por 20 votos a 14, o projeto de lei complementar número 6/2008, objeto da polêmica, altera uma lei de 2002
que considerava os 60 mil m2
(seis campos de futebol) do antigo Estaleiro Só, local do complexo de edifícios, como área de
interesse cultural. Essa classificação restringia a construção
de prédios residenciais na área.
O projeto, de autoria de Alceu Brasinha (PTB), foi subscrito por mais 16 vereadores.
O estaleiro faliu em 1995. A
área foi arrematada em um leilão judicial por R$ 7,2 milhões,
em 2005, pela BM Par Empreendimentos, que pertence
ao empresário Rui Pizzato.
A empresa pretende investir
R$ 150 milhões para erguer um
conjunto de seis prédios de
apartamentos e de escritórios.
O projeto despertou forte
polêmica entre o setor da construção civil, que afirma que o
empreendimento vai revitalizar parte da região sul da cidade, e uma oposição formada
por ambientalistas e organizações comunitárias, que temem
a descaracterização da orla.
O prefeito José Fogaça
(PMDB), a quem cabe sancionar ou vetar o projeto, diz que
só vai decidir a polêmica após a
Câmara enviar o texto final
aprovado -o que não havia
acontecido até sexta-feira.
Além do caráter controverso
da mudança, a discussão aumentou depois que os vereadores Neuza Canabarro (PDT) e
Beto Moesch (PP), que votaram contra o projeto, afirmaram que colegas podem ter recebido dinheiro para favorecer
a BM Par na Câmara.
Após essas declarações, a
Promotoria do Patrimônio Público do RS começou a investigar uma suposta propina.
O vereador Cláudio Sebenello (PSDB) confirmou ter sido
procurado por um lobista ligado à empresa no final de agosto
com uma oferta de doação para
sua campanha eleitoral.
No encontro, um envelope
onde haveria dinheiro, conforme relato do vereador tucano,
chegou a ser apresentado.
"Recusei educadamente,
porque isso poderia se tornar
uma chantagem. Nem houve
passagem do dinheiro."
Sebenello, que votou contra,
afirma não saber se outros colegas receberam a oferta.
"Se existiu compra de votos,
temos que punir. Se não existiu, quem falou que houve deve
se responsabilizar", disse o presidente da Câmara, Sebastião
Mello (PMDB), que votou a favor da proposta.
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