São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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Prisão no Canadá tem academia e TV

ALESSANDRA BLANCO
enviada especial a Toronto

Christine Lamont e David Spencer, os dois canadenses que participaram do sequestro do empresário Abílio Diniz, disseram a seus familiares que as condições das penitenciárias em que em estão no Canadá são cem vezes melhores do que no Brasil.
"Eles estão realmente surpresos com as acomodações. Christine disse que estava tudo muito bom, a comida estava ótima, ela tem aquecimento na cela e não há corrente de vento", disse Marylin Lamont, mãe de Christine.
Christine está em uma cela sozinha, dentro do que a penitenciária chama de "living unit", espécie de pavilhão com 20 celas individuais que dão acesso a uma área de recreação com TV, duchas, lavanderia e forno microondas.
Durante o dia, ela também pode sair para tomar sol ou ir a uma espécie de academia, com aparelhos de ginástica, para fazer exercícios. Em sua cela também há uma mesa de escritório e um banheiro.
Segundo Marylin, Christine ficou impressionada com o tamanho da cama de cada preso. "Ela disse que tem uma cama enorme, mas é apenas uma cama de casal comum, que, comparada com o colchão que ela tinha no Brasil, é realmente enorme."
Já David Spencer divide a cela com um outro preso e tem apenas uma cama e uma mesa de escritório. Segundo o porta-voz da região do Pacífico do Serviço de Correções do Canadá, Dennis Sinlay, nem todas as celas da penitenciária onde David está têm banheiro, mas os presos têm direito a TV e computador, desde que comprados por eles. David também tem acesso a uma espécie de academia de ginástica, quadra de esportes e pátio para tomar sol.
Nas duas penitenciárias, a alimentação é desenvolvida por nutricionistas, com pratos diferentes todos os dias. De acordo com as leis canadenses, em breve David e Christine poderão se encontrar em uma visita íntima, mas só depois que passarem pelo período de exames físicos e psicológicos, que devem durar seis semanas.
Ontem, o pai de David, William Spencer, informou que o filho ainda não tem certeza se tomou a decisão certa ao retornar ao Canadá. Segundo William, David acredita que em breve o governo brasileiro poderá expulsar do país os presos chilenos e argentinos que também participaram do sequestro devido à pressão que estão fazendo.
Com a expulsão, eles ganhariam a liberdade automaticamente, enquanto que, com a transferência para o Canadá, David e Christine deverão cumprir toda a pena de 28 anos. Mesmo que consigam a liberdade condicional, o que pode ocorrer daqui a dois meses, continuarão a se reportar ao Serviço de Correções periodicamente e não poderão deixar o país.



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