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Maior desigualdade escolar é em São Paulo
Secretária estadual da Educação diz que o tamanho da população do Estado é uma das explicações para as diferenças
Para economista, se Brasil quiser continuar diminuindo sua desigualdade de renda, será preciso colher avanços na desigualdade educacional
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Fábio Waltenberg, do Instituto de Estudos
do Trabalho e Sociedade, também pesquisou a desigualdade
brasileira a partir das notas de
alunos da oitava série em matemática e descobriu que São
Paulo é o Estado com a maior
diferença.
Em sua tese de doutorado
-premiada pela Associação
Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia-,
Waltenberg também aplicou
na educação uma medida usada
por economistas (o índice de
entropia generalizada) para
medir a desigualdade de renda.
Ele mostra que os Estados
mais desiguais são São Paulo,
Rio Grande do Norte, Piauí,
Pernambuco, Minas e Rio. No
outro extremo estão Amapá,
Rio Grande do Sul e Acre.
O Sudeste, apesar de ter desempenho melhor no Saeb,
apresentou mais desigualdade.
No Nordeste, acontece a pior
situação: médias baixas com altos níveis de desigualdade. O
Sul apresentou o resultado
mais satisfatório: menos desigualdade e melhores médias.
No caso de São Paulo, a hipótese de Waltenberg é que, assim como acontece no Rio e em
Minas, há, ao mesmo tempo, os
melhores colégios particulares
e péssimas escolas nas periferias e favelas.
Distância
Uma maneira mais simples
-porém menos precisa- de
constatar esse resultado é comparando a média de escolas
particulares e públicas no Saeb
(exame do MEC) em cada Estado. Utilizando a mesma série (a
oitava) e a mesma disciplina
(matemática) analisada por
Waltenberg, a Folha comparou
essa distância em 2005.
São Paulo, de novo, aparece
como o Estado onde a rede privada está mais distante da pública. As regiões Sudeste e Nordeste do país também foram
mais desiguais.
Para o economista, se o país
quiser continuar diminuindo
sua desigualdade de renda, será
preciso colher avanços na desigualdade educacional.
"Muitos estudos no Brasil só
consideram a quantidade nas
comparações educacionais,
mas a qualidade é determinante da renda. Não basta transferir dinheiro para os mais pobres. Resolver o nó da qualidade é o caminho para alterar a
estrutura de desigualdade."
Secretária
A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, diz
que o tamanho da população do
Estado (40 milhões) é uma das
explicações para a maior desigualdade educacional. "Provavelmente, não existe no Brasil
nenhuma rede tão heterogênea
quanto a de São Paulo."
Ela argumenta, no entanto,
que São Paulo tem a maior proporção de jovens de 15 a 17 anos
estudando na série adequada
para a sua idade (66%). "Aqui, a
inclusão dos mais pobres no
sistema foi real."
Para diminuir a desigualdade, a secretária diz que o governo está melhorando o sistema
de recuperação dos alunos com
dificuldade de aprendizado e
padronizando os critérios de
avaliação e o currículo.
"Cada escola estava avaliando o aluno de uma maneira",
afirma. Sou a favor do sistema
de progressão continuada, mas,
para que ele funcione, é preciso
que o aluno seja avaliado constantemente, o que não estava
acontecendo. O que estamos
fazendo é recuperar as rotinas
básicas da escola, que foram
abandonadas, mas que precisam funcionar", diz.
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