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depoimento
As pessoas pulavam pela janela
Saí da Barra Funda com
minha filha, minha irmã e
minha sobrinha em direção a Capitão de Campos,
cidade a umas três horas
de Teresina. A viagem estava ótima. Aí paramos
num posto para tomar um
café-da-manhã. Voltamos
e fomos para última fileira.
De repente, a uns 30 km
da parada, vi o motorista
frear bruscamente. Ele
não chegou a "jogar" para o
acostamento. Freou na
faixa mesmo. Aí veio o [caminhão] Scania na contramão e arrebentou com tudo. Nunca vou esquecer a
cena. Vi uns com a boca
quebrada, outros com sangue na cabeça. Uma coisa
horrível. As pessoas gritavam e pulavam pela janela.
Minha irmã foi jogada
para fora do ônibus e ficou
presa debaixo de um pneu.
Ficou lá uns 30 minutos-
dizia nem sentir a perna.
Todos tentavam ajudar.
Eu nem queria viajar
nessa companhia. Meu
marido falou para eu ir de
Itapemirim, mas custava
R$ 50 a mais. Paguei R$
250 na passagem.
Agora estou aqui, numa
cama de hospital por causa
de R$ 50. Só queria levar
minha filhinha de dois
anos e meio para a minha
mãe conhecer. Nem sei
onde minha irmã está.
ALCIONE MARQUES, 28, que sobreviveu ao acidente na BR-020
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