São Paulo, segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

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depoimento

As pessoas pulavam pela janela

Saí da Barra Funda com minha filha, minha irmã e minha sobrinha em direção a Capitão de Campos, cidade a umas três horas de Teresina. A viagem estava ótima. Aí paramos num posto para tomar um café-da-manhã. Voltamos e fomos para última fileira.
De repente, a uns 30 km da parada, vi o motorista frear bruscamente. Ele não chegou a "jogar" para o acostamento. Freou na faixa mesmo. Aí veio o [caminhão] Scania na contramão e arrebentou com tudo. Nunca vou esquecer a cena. Vi uns com a boca quebrada, outros com sangue na cabeça. Uma coisa horrível. As pessoas gritavam e pulavam pela janela.
Minha irmã foi jogada para fora do ônibus e ficou presa debaixo de um pneu. Ficou lá uns 30 minutos- dizia nem sentir a perna. Todos tentavam ajudar.
Eu nem queria viajar nessa companhia. Meu marido falou para eu ir de Itapemirim, mas custava R$ 50 a mais. Paguei R$ 250 na passagem.
Agora estou aqui, numa cama de hospital por causa de R$ 50. Só queria levar minha filhinha de dois anos e meio para a minha mãe conhecer. Nem sei onde minha irmã está.
ALCIONE MARQUES, 28, que sobreviveu ao acidente na BR-020

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