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Indesejados, pernilongos rondam shopping de luxo em meio à correria de Natal
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
É verão, o calor estava ontem a 34C nos termômetros
das margens do rio Pinheiros,
e um visitante nada desejado
rondava o shopping Cidade
Jardim, o das lojas de luxo, e
infernizava clientes e vendedores de grifes como Hermès,
Chanel, Rolex e Louis Vuitton.
De nome grande e corpo pequeno, que não mede mais de
alguns centímetros, o tormento dos consumidores classe
AAA é o mosquito Culex quinquefasciatus, mais conhecido
como pernilongo ou muriçoca.
Em meio ao corre-corre das
compras de Natal, o mosquito
era a conversa mais comum
nas rodas de consumidoras.
Com o tempo abafado e quente
dos últimos dias, uma nuvem
deles tem invadido as lojas e
picado quem por ali passa.
Inspirado no Bal Harbour
Shops de Miami, o Cidade Jardim é um modelo único entre
os 50 shoppings de São Paulo,
com corredores a céu aberto
-daí a presença dos mosquitos. Fechados, outros centros
da marginal, como o Eldorado,
não têm o mesmo problema.
O assunto causa tanto constrangimento que os vendedores das grifes se recusam a falar, com receio de retaliação e
de criar uma imagem negativa
do shopping e espantar compradores. "Os clientes reclamam muito, principalmente
no terraço do terceiro andar,
que é mais aberto", diz Rose,
da sorveteria Mil Frutas.
Pela proximidade da butique Daslu e do Iguatemi, que
concentram a maior parte das
marcas estrangeiras em São
Paulo, em dois tempos a região
do Cidade Jardim, shopping
que chega a cobrar R$ 46 num
ingresso de cinema, ganhou o
apelido de "boca do luxo".
Diretora do shopping, Maria
Luisa Pucci diz que a dedetização "já faz parte da rotina".
Estudo do Instituto de Ciências Biomédicas da USP revela
que o rio Pinheiros é um dos
ambientes preferidos pelo
pernilongo por causa dos altos
índices de poluição da água.
O problema da infestação é
tanto que a prefeitura mantém
um programa permanente de
dedetização. Em nota, o Centro de Controle de Zoonoses,
órgão da Secretaria Municipal
da Saúde, diz que monitora semanalmente 54 pontos ao longo do rio Pinheiros, 27 em cada
margem, com intervalo de um
quilômetro.
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