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foco
2º dia do novo trajeto do metrô no Rio tem falha técnica, falta de informação e confusão
CAIO BARRETTO BRISO
DA SUCURSAL DO RIO
Há dez minutos na estação
Pavuna do metrô do Rio, Décio
de Albuquerque espera o trem
que o levará ao trabalho, em
Botafogo. Ele cumpre o mesmo ritual há 10 dos seus 48
anos. Desta vez, o trem demora mais que o habitual. "Ontem
foi pior, esqueci meu livro."
O segundo dia de operações
do novo trajeto da linha 2 do
metrô carioca (que elimina a
baldeação e reduz o tempo de
ligação entre o centro e a zona
sul) foi melhor que o primeiro.
O intervalo máximo entre os
trens caiu de 15 para 10 minutos, mas repetidas falhas técnicas nos trens, somadas à
falta de informação, fizeram
começar mal o dia de muitos
dos 550 mil cariocas que
usam o metrô diariamente.
Antes da mudança, o intervalo entre os trens era de
4min 40s. Com a criação de
mais um trajeto -e sem que
a quantidade de trens cresça,
o que está previsto só para
2011-, o intervalo entre os
trens subiu e atrapalhou a vida
dos passageiros.
A Folha acompanhou as primeiras horas do segundo dia
de problemas.
5h30: partida
Bilheterias e plataformas relativamente vazias na estação
General Osório, em Ipanema,
recém-inaugurada. Está escuro e a zona sul -a mais rica da
cidade- ainda dorme.
5h52: espera
Pouco antes de chegar à estação Botafogo -a quarta a
partir da General Osório-, o
trem para no fim do túnel de
circulação. Os passageiros ficam sem saber o que acontece,
pois ninguém ouve o que diz o
condutor. Quase cinco minutos mais tarde, o trem segue.
8h05: debandada
Ao chegar à estação Maracanã, as portas do trem se
abrem e o condutor anuncia:
"Por motivo de uma falha técnica, pedimos aos passageiros
que se dirijam ao trem posicionado na outra plataforma".
É o sinal para a debandada.
Os mais jovens correm para
conseguir um assento vazio
no outro trem. Os mais velhos
são empurrados pela multidão. "Se ele não tivesse me segurado, ia morrer pisoteada
aqui mesmo", diz Maria do
Carmo Oliveira, 58, após tropeçar e ser ajudada por um homem.
8h47: sufoco
As portas do trem fecham e
Maria Mello não consegue
embarcar. Ela está com a perna engessada e, por isso, se
movimenta mais lentamente.
"Nada é motivo para falta de
respeito. As pessoas viram que
estou debilitada, mas não me
deixaram passar", disse a auxiliar de escritório.
A pressa para não perder o
trem e a hora esquenta os ânimos na estação Glória. Dois
passageiros, um saindo e outro entrando no trem, se
trombam. Eles se xingam.
Quase todos os passageiros
vindos da linha 2 descem na
Glória para passar à linha 1.
Eles já poderiam fazer isso a
partir da estação Central
-cinco estações antes da Glória-, mas poucos sabem disso.
9h30: chegada
O trem chega vazio à recém-inaugurada estação General
Osório. Nas plataformas, não
há ninguém.
Outro lado
A Metrô Rio diz que o sistema tem falhas por estar no início da implantação. Cem mil
cartões do metrô, no valor de
R$ 10, foram distribuídos ontem nas estações, "como forma de se desculpar e de ressarcir os passageiros pelos
transtornos" de terça-feira.
Dezenove novos trens serão
adicionados aos 33 atuais a
partir de 2011.
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