São Paulo, quinta, 24 de dezembro de 1998

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CASO DINIZ
Presos dizem que medida se deve ao silêncio do governo sobre o caso
Sequestradores param de tomar água e remédios

MALU GASPAR
Reportagem Local

Os sequestradores do empresário Abílio Diniz, que entram hoje no 39º dia da greve de fome, anunciaram que parariam de tomar água a partir da 0h de hoje. Eles também suspenderiam a medicação que vinham recebendo para repor sais minerais no organismo.
Desde o início da greve de fome, os presos vinham tomando apenas água mineral. Nos últimos dias, tomavam também remédios para reposição de cálcio, sódio, potássio e magnésio, que evitavam uma arritmia ou parada cardíaca.
A decisão dos sequestradores foi tomada, segundo comunicado divulgado por eles, devido à "indefinição presidencial".
Eles reivindicam a expulsão dos cinco chilenos e dois argentinos e o indulto ao brasileiro, medidas que só podem ser tomadas pelo presidente da República.
Até anteontem, o governo vinha dizendo que esperava uma decisão judicial favorável ao grupo, referindo-se ao julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo, que reduziu as penas dos presos.
"Um dia depois do julgamento, não houve nenhum sinal de boa vontade do governo. Para quem está há nove anos na prisão, vendo ser negados todos os benefícios, não resta muito mais coisa", diz Begoña Ojeda, filha da chilena Maria Emília Marchi.
Ela e os familiares dos presos que estiveram ontem no Hospital das Clínicas, onde eles estão internados, disseram estar muito transtornados com a decisão.
"Eu não sou a favor da greve seca, mas não tenho autoridade moral para pedir que desistam da liberdade", diz Deni Rodrigues, mulher do líder do grupo, o argentino Humberto Paz.
Segundo o clínico-geral Abrão Cury, os presos podem resistir até duas semanas sem ingerir nada, mas correm o risco de ter parada cardíaca ou insuficiência renal.
O Hospital das Clínicas anunciou ontem que cumprirá a decisão judicial que obriga a instituição a alimentar os presos, mas não esclareceu como isso será feito.



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