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CASO DINIZ
Presos dizem que medida se deve ao silêncio do governo sobre o caso
Sequestradores param de
tomar água e remédios
MALU GASPAR
Reportagem Local
Os sequestradores do empresário Abílio Diniz, que entram hoje
no 39º dia da greve de fome, anunciaram que parariam de tomar
água a partir da 0h de hoje. Eles
também suspenderiam a medicação que vinham recebendo para
repor sais minerais no organismo.
Desde o início da greve de fome,
os presos vinham tomando apenas
água mineral. Nos últimos dias,
tomavam também remédios para
reposição de cálcio, sódio, potássio e magnésio, que evitavam uma
arritmia ou parada cardíaca.
A decisão dos sequestradores foi
tomada, segundo comunicado divulgado por eles, devido à "indefinição presidencial".
Eles reivindicam a expulsão dos
cinco chilenos e dois argentinos e
o indulto ao brasileiro, medidas
que só podem ser tomadas pelo
presidente da República.
Até anteontem, o governo vinha
dizendo que esperava uma decisão
judicial favorável ao grupo, referindo-se ao julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo, que reduziu as penas dos presos.
"Um dia depois do julgamento,
não houve nenhum sinal de boa
vontade do governo. Para quem
está há nove anos na prisão, vendo
ser negados todos os benefícios,
não resta muito mais coisa", diz
Begoña Ojeda, filha da chilena
Maria Emília Marchi.
Ela e os familiares dos presos que
estiveram ontem no Hospital das
Clínicas, onde eles estão internados, disseram estar muito transtornados com a decisão.
"Eu não sou a favor da greve seca, mas não tenho autoridade moral para pedir que desistam da liberdade", diz Deni Rodrigues,
mulher do líder do grupo, o argentino Humberto Paz.
Segundo o clínico-geral Abrão
Cury, os presos podem resistir até
duas semanas sem ingerir nada,
mas correm o risco de ter parada
cardíaca ou insuficiência renal.
O Hospital das Clínicas anunciou ontem que cumprirá a decisão judicial que obriga a instituição a alimentar os presos, mas não
esclareceu como isso será feito.
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