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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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REPERCUSSÃO

BETO BRANT, cineasta, diretor de "O Invasor":
"É tão difícil falar. Calou-se a voz de um poeta negro, um cara muito importante no movimento hip hop. Ele não era exatamente um militante, mas um artista que não tinha completo domínio de seu talento. Vai embora cedo, como Chico Science, alguém que é uma voz de inquietação".

MV BILL, rapper carioca:
"É um fato atípico dentro do rap, não é uma coisa costumeira. É lastimável e estarrecedor. Ele estava em grande evidência, era um dos melhores do rap atual. A maior prova de seu talento era a adoração que os adolescentes tinham por ele. O rap do Rio e o de São Paulo são agarradinhos, é a única coisa em que as duas cidades não brigam. Acabo de perder um grande aliado".

PAULO MIKLOS, músico, atuou com Sabotage em "O Invasor":
"Ele era de uma empatia fantástica, era sedutor, tinha uma vivacidade e uma alegria impressionantes. Era muito poeta, tinha muito a dizer e tinha um traço muito dele. Se diferenciava de tudo, tinha uma capacidade violenta. É lamentável que não tenha sido muito percebido, mas sua música já era da rapaziada mais nova, o cara era um ídolo para eles".

HERMANO VIANNA, antropólogo e consultor informal do MinC:
"Só o conheci pessoalmente há duas semanas, num show do Instituto aqui no Rio. Fui me apresentar, falando do interesse do Ministério da Cultura pelo hip hop. Ele escreveu na hora um bilhete lindo para Gil, dando força e desejando que Deus abençoasse o novo governo. Ele me disse que poderia contar com ele para tudo. Perdemos um artista brilhante e um parceiro importantíssimo na luta para melhorar este país".

RENATO CIASCA, co-produtor e co-roteirista de "O Invasor":
"Sabotage vivia nos extremos. Tinha aprendido a conviver tanto com nós, burgueses, quanto com a turma das favelas, onde ele nasceu e cresceu. Ele tinha crescido 20 anos nos últimos dois. Quer dizer, crescido segundo o meu gosto burguês".

ALEXANDRE BORGES, ator, um dos protagonistas de "O Invasor":
"Ele era uma pessoa muito doce, alegre, pra cima. Não sei o que dizer. Além da perda humana, há a perda artística".

MARÇAL AQUINO, escritor, roteirista de "O Invasor":
"Estou chocado. Uma coisa assim só prova que o Brasil não melhorou nada".

ALEXANDRE YOUSSEF, coordenador de juventude da Prefeitura de SP:
"Morreu o cara que não tinha inimigos no rap. Ele é o exemplo do moleque da periferia que não tinha oportunidade nenhuma nem projeto de vida e troca isso por uma estratégia de sobrevivência. O movimento hip hop precisa sair da marginalidade".

DUDU MAROTE, produtor musical:
"É mais uma vez o que acontece todos os dias em São Paulo. Tomara que ao menos chame atenção para a encrenca que a gente vive e que as pessoas fingem que não vêem".

DANIEL GANJA MAN, Instituto e produtor do disco de Sabotage:
"Tínhamos uma relação musical intensa. Ele era o melhor rapper brasileiro. Tinha um carisma enorme, representava muito a população carente de hoje. Todos gostavam do Sabotage, ninguém falava nada de ruim sobre ele. Essa perda só é comparável à do Chico Science".


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