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VIOLÊNCIA
Diretor do filme o conheceu quando buscava uma locação na periferia de São Paulo para filmar cenas do longa
Músico ganhou projeção com "O Invasor"
DA REPORTAGEM LOCAL
A curta trajetória de Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, iniciou-se igual à da maioria de seus
pares do rap: no submundo paulistano da música independente.
Em 2001, teve seu álbum de estréia bancado pelo subterrâneo
selo Cosa Nostra, dos Racionais
MC's. Batizado "Rap É Compromisso", o CD já saiu de catálogo.
O álbum não deu notoriedade a
Sabotage, que só começou a se
tornar conhecido devido à projeção que obteve ao atuar no filme
"O Invasor" (2002), de Beto
Brant. O cineasta o conheceu
quando buscava uma locação na
periferia de São Paulo para filmar
cenas do longa-metragem.
A favela do Canão (zona sul),
onde o músico vivia, foi descartada como cenário, mas Sabotage se
tornou peça-chave do filme, que
colecionou prêmios em festivais
daqui e do exterior, foi visto por
aproximadamente 120 mil pessoas nos cinemas e está disponível
em vídeo e DVD.
Sabotage compôs boa parte da
trilha, atuou no filme e deu consultoria de prosódia ao ator Paulo
Miklos, que interpreta o personagem-título, um malandro urbano.
Quando recebeu o prêmio de
melhor direção (por "O Invasor")
no Festival de Brasília de 2001,
Brant agradeceu citando trecho
da música-tema composta por
Sabotage: "O que nos resta é espalhar que Deus existe e agora é a
hora, porque a paz plantada aqui
irá dar flor lá fora".
A revelação de Sabotage no longa de Brant abriu as portas para
que ele participasse do elenco e da
trilha de "Carandiru", filme do cineasta Hector Babenco cujo lançamento está previsto para abril.
"Carandiru" é a mais cara produção cinematográfica brasileira.
Com orçamento de cerca de R$ 12
milhões e baseado no livro "Estação Carandiru", de Drauzio Varella, o filme reproduzirá o episódio
no qual 111 presos foram mortos
na Casa de Detenção, em 1992.
O único disco solo de Sabotage
saiu prematuramente de catálogo
devido a desacertos de gravadoras. À época de "Rap É Compromisso", o selo dos Racionais mantinha um conflituoso acordo com
a multinacional Sony, que chegou
a distribuir o CD por certo tempo.
Então o Cosa Nostra se desarticulou e os Racionais voltaram ao
selo independente de origem
(Zambia) e romperam com a
Sony. O disco de Sabotage sumiu
de vez do mercado (e não deve
voltar, segundo a gravadora). Sobreviveu nas bancas piratas de camelôs, onde deve ganhar força extra com a morte do artista.
Mas existem atualmente no
mercado dois outros discos de
que o rapper participa: a trilha de
"O Invasor" e a compilação "Coleção Nacional", do núcleo paulistano de produtores Instituto, em
que Sabotage canta duas faixas.
Circulam nacionalmente pelo selo YBrazil, com distribuição da
também independente Trama.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES E SILVANA ARANTES)
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