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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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VIOLÊNCIA

Diretor do filme o conheceu quando buscava uma locação na periferia de São Paulo para filmar cenas do longa

Músico ganhou projeção com "O Invasor"

DA REPORTAGEM LOCAL

A curta trajetória de Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, iniciou-se igual à da maioria de seus pares do rap: no submundo paulistano da música independente. Em 2001, teve seu álbum de estréia bancado pelo subterrâneo selo Cosa Nostra, dos Racionais MC's. Batizado "Rap É Compromisso", o CD já saiu de catálogo.
O álbum não deu notoriedade a Sabotage, que só começou a se tornar conhecido devido à projeção que obteve ao atuar no filme "O Invasor" (2002), de Beto Brant. O cineasta o conheceu quando buscava uma locação na periferia de São Paulo para filmar cenas do longa-metragem.
A favela do Canão (zona sul), onde o músico vivia, foi descartada como cenário, mas Sabotage se tornou peça-chave do filme, que colecionou prêmios em festivais daqui e do exterior, foi visto por aproximadamente 120 mil pessoas nos cinemas e está disponível em vídeo e DVD.
Sabotage compôs boa parte da trilha, atuou no filme e deu consultoria de prosódia ao ator Paulo Miklos, que interpreta o personagem-título, um malandro urbano.
Quando recebeu o prêmio de melhor direção (por "O Invasor") no Festival de Brasília de 2001, Brant agradeceu citando trecho da música-tema composta por Sabotage: "O que nos resta é espalhar que Deus existe e agora é a hora, porque a paz plantada aqui irá dar flor lá fora".
A revelação de Sabotage no longa de Brant abriu as portas para que ele participasse do elenco e da trilha de "Carandiru", filme do cineasta Hector Babenco cujo lançamento está previsto para abril.
"Carandiru" é a mais cara produção cinematográfica brasileira. Com orçamento de cerca de R$ 12 milhões e baseado no livro "Estação Carandiru", de Drauzio Varella, o filme reproduzirá o episódio no qual 111 presos foram mortos na Casa de Detenção, em 1992.
O único disco solo de Sabotage saiu prematuramente de catálogo devido a desacertos de gravadoras. À época de "Rap É Compromisso", o selo dos Racionais mantinha um conflituoso acordo com a multinacional Sony, que chegou a distribuir o CD por certo tempo.
Então o Cosa Nostra se desarticulou e os Racionais voltaram ao selo independente de origem (Zambia) e romperam com a Sony. O disco de Sabotage sumiu de vez do mercado (e não deve voltar, segundo a gravadora). Sobreviveu nas bancas piratas de camelôs, onde deve ganhar força extra com a morte do artista.
Mas existem atualmente no mercado dois outros discos de que o rapper participa: a trilha de "O Invasor" e a compilação "Coleção Nacional", do núcleo paulistano de produtores Instituto, em que Sabotage canta duas faixas. Circulam nacionalmente pelo selo YBrazil, com distribuição da também independente Trama.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES E SILVANA ARANTES)


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