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SP 450
População está impedida de entrar no local, que está cercado e é usado por vigia para criar cavalos; terreno já foi vendido irregularmente
Na zona sul, área de lazer não saiu do papel
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
São dois terrenos localizados
em uma região nobre da zona sul
de São Paulo, que totalizam 60 mil
m2 -metade do parque da Aclimação-, divididos por uma rua
e por uma briga pelo uso do espaço público, que já foi alvo de invasões e venda por um posseiro.
Esse é o parque do Cordeiro,
que ainda não saiu do papel e cuja
implantação tem custo estimado
de R$ 4 milhões. Um decreto da
prefeita Marta Suplicy (PT), de setembro de 2003, tornou o terreno
área verde municipal, mas, no lugar de jardins, lagos, pista de ciclismo e brinquedos, há pedras,
terra revolvida, mato. E cadeados.
Nesse caso, parece não ter vingado a estratégia da Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente de,
com o decreto, evitar a invasão ou
ocupação irregular do local -enquanto tenta conseguir verba para a definitiva implementação do
parque. O funcionário designado
pela Subprefeitura de Santo Amaro para vigiar o terreno -que só
permite a entrada de pessoas com
autorização do órgão- mora e
cria cavalos dentro da área, o que
deixa os membros da Sajape (associação de moradores do Jardim
Petrópolis, bairro onde está o
Cordeiro) com um pé atrás.
Segundo Cristina Antunes, diretora de Relações Institucionais
da entidade, a mulher do vigia
disse que eles não têm para onde
ir se tiverem de deixar o local. O
medo é que se repita a história.
Em 2001, um "morador" do terreno público, também funcionário
da prefeitura e então vigia da área,
acabou vendendo-o ilegalmente
por R$ 200 mil (estava avaliado
em R$ 15 milhões). Só dois anos,
uma invasão de sem-teto e muita
briga depois, a Justiça devolveu a
área ao domínio público.
Antunes diz que é preciso dar
uma "cara de lugar ocupado" para evitar novas invasões. A Sajape
quer organizar desde já eventos
esportivos e sociais no local, mas
está impedida de fazer isso.
Por telefone, o vigia da área, que
pediu para não ser identificado,
disse à Folha que as áreas ficam
fechadas pelo risco de novas invasões -e que já teve de chamar a
polícia algumas vezes por causa
disso-, mas que pode abri-las
com autorização da subprefeitura. Sobre os cavalos, afirma que
eles ajudam a conter o crescimento do mato e alertam para possíveis invasores.
A Subprefeitura de Santo Amaro informou, em nota, que uma
equipe irá ao local, em até 15 dias,
averiguar as condições de conservação e que planeja melhorar a infra-estrutura dos terrenos e contratar segurança permanente.
Já a diretora do Depave (departamento responsável pelos parques municipais), Simone Malandrino, diz que, quando sair a verba para obras e plantio das árvores, não ficará ninguém no parque. "Temos instrumento judicial
para a desocupação."
Ela defende a manutenção do
vigia como "um tipo de segurança" e afirma que os moradores
não devem começar a utilizar a
área antes que o projeto da prefeitura para ela seja concretizado,
por risco de que se acostumem a
um "uso inadequado".
(RP E MV)
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