São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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SP 450

População está impedida de entrar no local, que está cercado e é usado por vigia para criar cavalos; terreno já foi vendido irregularmente

Na zona sul, área de lazer não saiu do papel

DA REPORTAGEM LOCAL

DA REDAÇÃO

São dois terrenos localizados em uma região nobre da zona sul de São Paulo, que totalizam 60 mil m2 -metade do parque da Aclimação-, divididos por uma rua e por uma briga pelo uso do espaço público, que já foi alvo de invasões e venda por um posseiro.
Esse é o parque do Cordeiro, que ainda não saiu do papel e cuja implantação tem custo estimado de R$ 4 milhões. Um decreto da prefeita Marta Suplicy (PT), de setembro de 2003, tornou o terreno área verde municipal, mas, no lugar de jardins, lagos, pista de ciclismo e brinquedos, há pedras, terra revolvida, mato. E cadeados.
Nesse caso, parece não ter vingado a estratégia da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de, com o decreto, evitar a invasão ou ocupação irregular do local -enquanto tenta conseguir verba para a definitiva implementação do parque. O funcionário designado pela Subprefeitura de Santo Amaro para vigiar o terreno -que só permite a entrada de pessoas com autorização do órgão- mora e cria cavalos dentro da área, o que deixa os membros da Sajape (associação de moradores do Jardim Petrópolis, bairro onde está o Cordeiro) com um pé atrás.
Segundo Cristina Antunes, diretora de Relações Institucionais da entidade, a mulher do vigia disse que eles não têm para onde ir se tiverem de deixar o local. O medo é que se repita a história. Em 2001, um "morador" do terreno público, também funcionário da prefeitura e então vigia da área, acabou vendendo-o ilegalmente por R$ 200 mil (estava avaliado em R$ 15 milhões). Só dois anos, uma invasão de sem-teto e muita briga depois, a Justiça devolveu a área ao domínio público.
Antunes diz que é preciso dar uma "cara de lugar ocupado" para evitar novas invasões. A Sajape quer organizar desde já eventos esportivos e sociais no local, mas está impedida de fazer isso.
Por telefone, o vigia da área, que pediu para não ser identificado, disse à Folha que as áreas ficam fechadas pelo risco de novas invasões -e que já teve de chamar a polícia algumas vezes por causa disso-, mas que pode abri-las com autorização da subprefeitura. Sobre os cavalos, afirma que eles ajudam a conter o crescimento do mato e alertam para possíveis invasores.
A Subprefeitura de Santo Amaro informou, em nota, que uma equipe irá ao local, em até 15 dias, averiguar as condições de conservação e que planeja melhorar a infra-estrutura dos terrenos e contratar segurança permanente.
Já a diretora do Depave (departamento responsável pelos parques municipais), Simone Malandrino, diz que, quando sair a verba para obras e plantio das árvores, não ficará ninguém no parque. "Temos instrumento judicial para a desocupação."
Ela defende a manutenção do vigia como "um tipo de segurança" e afirma que os moradores não devem começar a utilizar a área antes que o projeto da prefeitura para ela seja concretizado, por risco de que se acostumem a um "uso inadequado". (RP E MV)


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