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Após crime, motoristas fecham a BR-116
Manifestantes bloquearam por sete horas rodovia em Curitiba, principal ligação do Sul ao Sudeste, após assassinato de colega
Ladrão levou R$ 28 e foi preso à tarde; congestionamento chegou a 10 km e protesto só foi encerrado após promessa de aumentar policiamento
DIMITRI DO VALLE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM CURITIBA
Um protesto por causa da
morte de um motorista de ônibus durante assalto interrompeu por sete horas ontem parte
do transporte rodoviário entre
a região Sul e o resto do país.
A BR-116, principal estrada a
ligar o Sul ao Sudeste, foi bloqueada nos dois sentidos no km
126, em Fazenda Rio Grande
(região metropolitana de Curitiba). Cerca de 500 pessoas, entre motoristas, cobradores e
moradores, atearam fogo a
pneus e atravessaram um ônibus biarticulado na pista.
Eles reivindicavam mais segurança na região após a morte,
por volta das 6h30, do motorista Ricardo Germano Hopaloski, 40, baleado na barriga durante assalto ao qual não reagiu. Um suspeito de 37 anos,
acusado de ter levado R$ 28 do
cobrador, foi preso cerca de seis
horas depois do crime.
Cerca de 17 mil usuários das
três linhas de ônibus que vão de
Fazenda Rio Grande a Curitiba
ficaram a pé, informou a Urbs
(empresa que gerencia o transporte coletivo na região metropolitana de Curitiba).
O Sindicato dos Cobradores e
Motoristas de Curitiba e região
promete fazer hoje uma paralisação de um dia em protesto
contra o assassinato.
Engarrafamento
Quem se deparava com o engarrafamento de 10 km nos
dois sentidos da BR-116 tinha
duas opções: esperar o fim do
protesto na estrada ou fazer o
caminho de volta e percorrer
cerca de 320 km a mais.
Motoristas que vinham de
Santa Catarina ou Rio Grande
do Sul eram obrigados a entrar
em Mafra (SC) e seguir por via
estadual até a BR-101, ainda em
Santa Catarina, para alcançar a
BR-376 (que liga o Paraná a
Santa Catarina), chegar a Curitiba e pegar a BR-116 após o bloqueio. Quem vinha de São Paulo era obrigado a seguir o mesmo trajeto para não ficar preso
no congestionamento.
Os manifestantes liberaram
a rodovia por volta das 14h, sete
após o início do protesto. Eles
obtiveram dois compromissos
da Secretaria de Segurança Pública do governo Roberto Requião (PMDB): reforço do policiamento em Fazenda Rio
Grande -município de 110 mil
habitantes e média de um assassinato por semana- e audiência com o titular da pasta
para pedir 150 PMs para a cidade, além dos 50 PMs atuais.
Prisões
Por volta das 15h, a Secretaria de Segurança Pública anunciou ter prendido um homem
de 37 anos suspeito do crime.
Ele foi detido em casa e reconhecido pelo cobrador. Não
tem passagens pela polícia e seria usuário de drogas.
A arma do crime, que teria sido jogada em um terreno baldio, não havia sido localizada
até o início da noite de ontem.
Ainda pela manhã, a polícia
anunciou a prisão de três suspeitos, mas nenhum deles foi
reconhecido pelo cobrador.
A mesma linha em que trabalhava o motorista havia sido alvo de outros quatro assaltantes
na tarde de anteontem. Ônibus
da viação Nobel sofreram 15
roubos em janeiro, sete em dezembro e três em novembro.
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