São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

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Após crime, motoristas fecham a BR-116

Manifestantes bloquearam por sete horas rodovia em Curitiba, principal ligação do Sul ao Sudeste, após assassinato de colega

Ladrão levou R$ 28 e foi preso à tarde; congestionamento chegou a 10 km e protesto só foi encerrado após promessa de aumentar policiamento

DIMITRI DO VALLE
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Um protesto por causa da morte de um motorista de ônibus durante assalto interrompeu por sete horas ontem parte do transporte rodoviário entre a região Sul e o resto do país.
A BR-116, principal estrada a ligar o Sul ao Sudeste, foi bloqueada nos dois sentidos no km 126, em Fazenda Rio Grande (região metropolitana de Curitiba). Cerca de 500 pessoas, entre motoristas, cobradores e moradores, atearam fogo a pneus e atravessaram um ônibus biarticulado na pista.
Eles reivindicavam mais segurança na região após a morte, por volta das 6h30, do motorista Ricardo Germano Hopaloski, 40, baleado na barriga durante assalto ao qual não reagiu. Um suspeito de 37 anos, acusado de ter levado R$ 28 do cobrador, foi preso cerca de seis horas depois do crime.
Cerca de 17 mil usuários das três linhas de ônibus que vão de Fazenda Rio Grande a Curitiba ficaram a pé, informou a Urbs (empresa que gerencia o transporte coletivo na região metropolitana de Curitiba).
O Sindicato dos Cobradores e Motoristas de Curitiba e região promete fazer hoje uma paralisação de um dia em protesto contra o assassinato.

Engarrafamento
Quem se deparava com o engarrafamento de 10 km nos dois sentidos da BR-116 tinha duas opções: esperar o fim do protesto na estrada ou fazer o caminho de volta e percorrer cerca de 320 km a mais.
Motoristas que vinham de Santa Catarina ou Rio Grande do Sul eram obrigados a entrar em Mafra (SC) e seguir por via estadual até a BR-101, ainda em Santa Catarina, para alcançar a BR-376 (que liga o Paraná a Santa Catarina), chegar a Curitiba e pegar a BR-116 após o bloqueio. Quem vinha de São Paulo era obrigado a seguir o mesmo trajeto para não ficar preso no congestionamento.
Os manifestantes liberaram a rodovia por volta das 14h, sete após o início do protesto. Eles obtiveram dois compromissos da Secretaria de Segurança Pública do governo Roberto Requião (PMDB): reforço do policiamento em Fazenda Rio Grande -município de 110 mil habitantes e média de um assassinato por semana- e audiência com o titular da pasta para pedir 150 PMs para a cidade, além dos 50 PMs atuais.

Prisões
Por volta das 15h, a Secretaria de Segurança Pública anunciou ter prendido um homem de 37 anos suspeito do crime. Ele foi detido em casa e reconhecido pelo cobrador. Não tem passagens pela polícia e seria usuário de drogas.
A arma do crime, que teria sido jogada em um terreno baldio, não havia sido localizada até o início da noite de ontem.
Ainda pela manhã, a polícia anunciou a prisão de três suspeitos, mas nenhum deles foi reconhecido pelo cobrador.
A mesma linha em que trabalhava o motorista havia sido alvo de outros quatro assaltantes na tarde de anteontem. Ônibus da viação Nobel sofreram 15 roubos em janeiro, sete em dezembro e três em novembro.


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