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Governo Serra pode assumir dívida do InCor com o BNDES
Banco propôs refinanciar R$ 120 milhões devidos pela Fundação Zerbini, caso o Estado assuma o débito da entidade privada
Secretário diz que fundação precisa se comprometer com medidas de controle, como corte de salários e de funcionários administrativos
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, afirmou ontem que o
BNDES propôs refinanciar a
dívida de R$ 120 milhões que a
Fundação Zerbini, que administra o Instituto do Coração de
São Paulo, tem com o banco.
Para que haja a concessão do
benefício, no entanto, o Estado
de São Paulo terá de assumir o
débito da entidade privada.
A gestão Cláudio Lembo
(PFL) rechaçou a possibilidade
de arcar com pendências financeiras da entidade em 2006,
quando a fundação chegou a
atrasar parte dos salários de
funcionários do InCor por conta do endividamento, mas a
equipe de José Serra (PSDB)
não descarta assumir o débito.
A proposta já está em estudo.
O InCor é o maior hospital de
cardiologia da América Latina.
Tem 513 leitos e 80% do atendimento é dedicado a pacientes
do Sistema Único de Saúde.
O empréstimo no BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
foi realizado há mais de dez
anos pela fundação para a construção do bloco dois do Incor.
A fundação alega que assumiu o débito a pedido do governador Mário Covas (1930-2001), e diz que o Estado lhe
deve o ressarcimento. O governo e auxiliares de Covas, porém, dizem que a entidade fez o
empréstimo porque quis.
"Há uma proposta do
BNDES de trocar o tomador do
empréstimo. Nessa situação seria possível alongar muito mais
o pagamento", disse Barradas,
que trabalhou com Lembo e
Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo Barradas, o Estado
só assumirá a dívida se a fundação se comprometer com medidas de controle, principalmente na área financeira, como corte de salários e de funcionários
administrativos -o secretário
diz que são cerca de cem.
A dívida com o BNDES é quase a metade do débito total da
Zerbini (R$ 246 milhões), que
inclui ainda bancos privados e
fornecedores.
Ainda segundo ele, depois de
aceitas as condições do Estado
pela Zerbini, o governo abrirá
negociação com o BNDES sobre os termos do acordo.
A oferta do BNDES, diz Barradas, foi feita a ele em 10 de janeiro e formalizada a Serra pelo
presidente do banco, Demian
Fiocca, na mesma data. A reportagem procurou o BNDES,
mas o banco não se manifestou.
Segundo Barradas, a idéia é
que o BNDES não só prolongue
os prazos de pagamento, caso o
Estado assuma a dívida, assim
como abata o valor.
O refinanciamento, afirma,
terá de ser num valor menor do
que a Zerbini gastou com bloco
2, cerca de R$ 150 milhões.
"Agora [o governo] vai de certa forma ressarcir [a fundação]
por uma coisa que ela doou ao
governo. Tenho obrigação de
fazer isso? Não, mas faço para
ajudar", disse Barradas, que
afirmou que a renegociação
trará vantagens ao InCor.
O discurso do governo passado, do qual Barradas participou, porém, era de que a fundação e o Incor eram dissociados,
e de que a crise da entidade não
prejudicaria o hospital.
"É um pouco contraditório",
reconheceu ele ontem. Para
Barradas, a "longuíssimo prazo", se a fundação quebrar, o
InCor corre o risco de perder
equipamentos, comprados pela
entidade, e que poderão ser utilizados para pagar a dívida. O
hospital é referência em pesquisa e atendimento cardiológico no mundo.
Ainda segundo Barradas, o
Estado não quer reassumir o
hospital para administração direta e outra fundação não poderia assumir a administração,
pois arcaria com a dívida.
A União, disse, deverá aumentar em R$ 500 mil os repasses mensais de cerca de R$ 5
milhões feitos ao InCor.
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