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PMs são acusados de abuso contra jovem
Segundo denúncia, seis policiais espancaram casal e abusaram sexualmente de adolescente de 18 anos em uma escola
Caso está sendo investigado pela Corregedoria e pela Promotoria; vítima, que reconheceu 2 agressores, diz ter sido obrigada a ficar nua
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis policiais militares são
acusados de espancar e abusar
sexualmente de uma jovem de
18 anos por cerca de duas horas.
A violência teria ocorrido na
madrugada do último dia 17, na
quadra de uma escola municipal em Sapopemba (zona leste
de São Paulo).
Três entidades de direitos
humanos e defesa dos direitos
dos adolescentes de Sapopemba denunciaram o caso. O setor
de comunicação da PM informou ontem que iniciou uma investigação, mas não deu detalhes nem os nomes dos policiais suspeitos.
Ontem, a vítima, que é cozinheira, depôs na Corregedoria
da PM. Ela identificou, por foto, dois PMs, segundo a advogada Valdênia Aparecida Paulino,
do Centro de Direitos Humanos de Sapopemba. Mas os seis
supostos autores da agressão já
foram identificados pela Corregedoria. O reconhecimento
pessoal deve ocorrer hoje.
As entidades também denunciaram o caso ao procurador-geral de Justiça de São
Paulo, Rodrigo Pinho. Dois
promotores -um na esfera militar e outro na criminal- foram designados para acompanhar o caso.
Segundo o relato da vítima às
entidades, ela e outro jovem estavam na rua quando foram
rendidos por três PMs fardados
em um Tempra preto. Os PMs
deram tiros para o alto e anunciaram a prisão. Segundo a jovem, os policiais pediam dinheiro para liberá-los.
O casal foi levado para outra
rua onde estavam mais dois
veículos da PM, segundo o relato da vítima. Dali, teriam sido
levados para a quadra de esportes de uma escola municipal.
A jovem disse às entidades
que foi espancada e obrigada a
ficar nua. Afirmou que os PMs
tocaram em seus seios e no seu
órgão genital. O outro jovem foi
espancado. A sessão de tortura
teria durado duas horas.
Segundo a cozinheira, os policiais ainda mandaram o casal
transmitir um recado para os
traficantes locais: teriam de desembolsar R$ 1.000,00 se não
quisessem sofrer represálias.
"Aqui são muitos os relatos
de abuso sexual por parte de
policiais. Mas nenhuma vítima
até agora tinha coragem de denunciar", afirmou a conselheira tutelar Lisabete Camargo.
Segundo a representação entregue pelas entidades à Procuradoria de Justiça, um dos alvos principais dos PMs são consumidores de drogas -a jovem
vítima de abuso sexual nega ser
usuária. Eles seriam espancados para que repassassem dinheiro aos policiais.
Um dos PMs suspeitos de
agredir a cozinheira é conhecido, segundo relato de moradores às entidades, por "Neguinho da Faca". O policial negro
ganhou esse apelido, segundo
Valdênia Paulinho, por costumar fazer cortes de faca em
usuários de drogas.
"Foram designados dois promotores porque as denúncias
são factíveis e verossímeis",
afirmou o promotor criminal
Alfonso Presti, um dos indicados pelo Ministério Público para acompanhar o caso. Ele pretende ir a Sapopemba na próxima semana.
Em nota oficial, além de confirmar a investigação, a PM
afirmou que "busca fiscalizar o
cumprimento das leis em vigor,
mesmo quando envolva seus
integrantes".
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