São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Viva o Centro defende reformas e diz que valorizam a diversidade

Superintendente da ONG vê medida como positiva quando mostra a segmentação natural da cidade

Marco Antonio Ramos de Almeida diz que iniciativa privada "terá de esperar demais" se for aguardar a intervenção do setor público

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O superintendente da ONG Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, considera legítimas as parcerias público-privadas para a reforma e revitalização de ruas da cidade. E acha desejável que essas reformas tentem singularizar a rua, como na Avanhandava, centro de SP, onde foi instalada uma fonte ao estilo italiano e colocado calçamento vermelho. "Quando são ruas e quadras que expressam a segmentação natural da cidade, é até interessante essa caracterização. Isso mostra a diversidade cultural da metrópole", afirma.
A rua Avanhandava caracteriza-se pela concentração de restaurantes "italianos". Outras PPPs já reformaram as ruas Oscar Freire, Augusta, Benedito Andrade (em Pirituba) e Amaury (em Pinheiros). As avenidas Matteo Bei (São Mateus), Santa Catarina (Jabaquara) e Silva Bueno (Ipiranga) têm reformas em andamento.
Ainda neste ano, contratos de PPPs para as ruas Milton da Rocha (Vila Maria) e Teodoro Sampaio (Pinheiros) deverão ser assinados. "Se a iniciativa privada for esperar o poder público para fazer as melhorias necessárias, terá de esperar demais", diz Ramos de Almeida.
 

FOLHA - Cinco ruas já passaram por reformas a partir de PPPs. Prevê-se mais quatro ainda neste ano. Por que isso está acontecendo?
MARCO ANTONIO RAMOS DE ALMEIDA
- A iniciativa privada percebeu que, se for esperar o poder público para fazer as melhorias necessárias, terá de esperar demais. De um lado existe escassez de recursos; de outro, áreas muito carentes, que são prioritárias. Então a recuperação de áreas onde já existe uma razoável estrutura, comércio e empresas de porte acabará ficando em segundo plano. A saída é os proprietários dos estabelecimentos se disporem a pagar pelas melhorias -total ou parcialmente. É isso o que está acontecendo.

FOLHA - Intervenções feitas ao sabor da iniciativa privada e por elas custeadas. Não se corre o risco de particularizar o espaço urbano, que deveria ser de todos?
RAMOS DE ALMEIDA
- Se intervenções como a da rua Avanhandava fossem feitas em um trecho da avenida São João, ou da Paulista, trechos emblemáticos do cosmopolitismo paulistano, evidentemente não seria aceitável. Mas em algumas outras áreas, muito específicas, você cria uma certa diversidade interessante para a cidade. Ali [a rua Avanhandava] é uma rua muito pequenininha, curva, característica por seus restaurantes e bares -é até natural que ela seja decorada com fontes e motivos de inspiração italiana.

FOLHA - Mas e se na Boca do Lixo os comerciantes resolvessem decorar a rua com estatuária erótica? Pode? Qual é o limite?
RAMOS DE ALMEIDA
- Veja bem: o projeto da rua Avanhandava foi aprovado pela prefeitura. Qualquer projeto desses tem de passar pelo crivo de órgãos técnicos. Também é obrigatório que receba apoio do comércio local e dos moradores. É uma discussão que se resolve caso a caso.

FOLHA - Estamos inventando uma fórmula de financiamento de reformas urbanas?
RAMOS DE ALMEIDA
- Não. Na Liberdade, você tem uma série de ruas com iluminação que imita lanternas japonesas. Em Nova York, Chinatown, o mesmo espírito. Eles têm ainda a rua dos joalheiros, com decoração típica. Em Buenos Aires há a rua do tango, o Caminito. Quando são ruas e quadras que expressam a segmentação natural da cidade, é até interessante a caracterização, mostra a diversidade da metrópole. É claro que não pode, não deve ser feito indiscriminadamente, mas como intervenção pontual é muito bom.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: No litoral de SP, verão tem trânsito e shows
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.