São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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Ernani Luz Jr. e a cura da dependência

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O médico Ernani Luz Júnior acreditava no que fazia, cada vez que recebia uma carta agradecendo pela "cura" -fosse do álcool, do cigarro, da cocaína. Pois foi um dos primeiros psiquiatras gaúchos a estudar a dependência e um pioneiro no tratamento da doença.
A carreira militar do pai fez com que nascesse em Rio Grande (RS) e morasse em muitas cidades até os 15, quando se fixou em Porto Alegre. Formou-se em medicina e virou psiquiatra -o estágio com dependentes de uma vila da periferia gaúcha o marcaria por toda vida.
Costumava dizer que tratou daquelas pessoas "no tempo em que alcoolismo era visto como defeito de caráter, como uma falha moral e não como doença". A impressão foi tamanha, diz a família, ao ver tanta desgraça, que nunca mais bebeu uma só gota de álcool.
Contratado no Hospital São Pedro para chefiar a divisão de tóxicos, "não saiu da área nunca mais". Ajudou a fundar o corpo clínico da unidade de dependência química do Hospital Mãe de Deus e foi um dos diretores mais ativos da Clínica do Bem-Estar Mental.
Experiência que transcreveu em capítulos de mais de dez livros sobre o tratamento da dependência química -área que defendeu como presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.
Tinha três filhos e dois netos o homem apaixonado por música clássica e barcos à vela, que morreu no dia 15, em Porto Alegre, de infarto.
O livro de presenças do velório ganhou volume com mensagens de gente agradecida. Chorando no ombro da viúva, um escritor, sóbrio há dez anos, não hesitou em dizer: "devo a vida a ele". Luz faria 63 anos hoje.


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