São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2009

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SP, 455

DJ inglês cria roteiro para recepcionar amigos estrangeiros

Para Drew White, paulistanos orientam mal os turistas ao levá-los a passeios em shopping centers e em lojas de grife

Mercado Municipal, ruas do centro e instrumentos da Teodoro Sampaio são mais representativos da cidade, dizem visitantes europeus


DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Há oito anos, ao chegar a São Paulo para pesquisar música brasileira, o DJ e produtor musical britânico Drew White, 37, teve como primeira visão a marginal Tietê. "Pensei: que lugar horroroso, fedorento. É uma péssima primeira impressão da cidade", diz. Aos poucos, achou São Paulo "bonita e diversificada", mapeou preferências e, então, traçou um roteiro para recepcionar amigos estrangeiros -é visitado a cada dois ou três meses. Sua lista inclui programas prosaicos, como roteiros para caminhadas, e fulmina algumas paixões nacionais e locais.
"Os paulistanos orientam mal os turistas. Querem levar os estrangeiros para shoppings como o Iguatemi, que é um lugar sem graça para quem vem de fora. É um lugar americanizado onde os funcionários, muitas vezes, nem falam inglês", diz ele, que produz, com instrumentistas brasileiros, vinhetas para empresas como a rádio BBC.
Outro exemplo: "Mostro a avenida Paulista porque é a principal da cidade. Mas não é tão interessante para um gringo, que não quer ver "Estados Unidos" aqui. Somos mais ligados à história local. Preferimos ir à rua 15 de Novembro." O roteiro de White varia conforme o perfil da visita, mas em geral começa por passeios a pé como a Vila Madalena. "É um lugar ótimo para andar, com vários tipos de casas, bares bem brasileiros, como o São Cristóvão. Em Higienópolis, indico passeio da avenida Angélica até a praça Vilaboim, para ver a arquitetura, em prédios como o Bretagne [do arquiteto Artacho Jurado, na av. Higienópolis]."

Compras
Ferrari, Louis Vuitton, Montblanc? Não, os ingleses não estão interessados, diz Drew, que também tem roteiro de compras para os estrangeiros que recebe. "Na rua 25 de Março, os europeus adoram ver lojas especializadas, como a que só vende botões. Isso não é comum na Inglaterra. É algo do qual não se esquecerão."
Um tour por centros de compras de artigos típicos é outra "bola dentro" para recepcionar um estrangeiro. "Comprar instrumentos de percussão brasileiros na rua Teodoro Sampaio é bem divertido. Mas evito lugares muito cheios, como a feira da praça Benedito Calixto", diz. "Aliás, em lugares cheios de gente, o estrangeiro fica com tanto medo de assalto que mal aproveita. O Mercado Municipal é uma delícia, mas aos sábados é tanta fila que não dá para comprar nada."
Outro mito que não enfeitiça os europeus na proporção dos brasileiros é o parque Ibirapuera, diz White. "Temos lugares parecidos lá fora. Legal para nós é Trianon, com aquela vegetação exuberante, e nem parece que do lado tem a própria avenida Paulista." É só depois de ziguezaguear a cidade que White leva seus visitantes aos pontos mais altos.
"São Paulo fica assustadora lá de cima, é grande demais, difícil de se localizar. Por isso, antes de ir ao Banespa, ao Terraço Itália ou ao bar Skye, do hotel Unique, levo o visitante às ruas, para que ele entenda como a cidade se organiza." Maior decepção? "A região da Parada Inglesa, que é muito parada e nada inglesa", diz.


Veja os endereços:

Parque Trianon: rua Peixoto Gomide, 949
Museu Paulista (museu do Ipiranga): parque da Independência, s/nº, Ipiranga (zona sul)
Bar São Cristóvão: rua Aspicuelta, 533, Vila Madalena, zona oeste de São Paulo
Galeria do Rock: rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela av. São João, 439)
Edifício Bretagne: avenida Higienópolis, 938, região central
Mercado Municipal: rua da Cantareira, 306
Terraço Itália: avenida Ipiranga, 344, esquina com a av. São Luís (região central)
Shopping Iguatemi: av. Brigadeiro Faria Lima, 2.232 (Jardim Paulistano)
Bar Skye: av. Brigadeiro Luis Antônio, 4.700
Parque Ibirapuera: av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, Vila Mariana



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